Fábio Reis, vive em Loulé, tem 30 anos de idade e é natural de Santa Maria da Feira.
Residiu na Suíça entre 2007 e março de 2018, posteriormente veio para Loulé, uma vez que a sua esposa é de origem algarvia (S. Brás de Alportel) e decidiram recomeçar a sua vida no Algarve.
VA - Contemos um pouco da história da sua vida?
FR - Em Outubro de 2014, sofri um trágico acidente de trabalho, na fábrica de cimento onde trabalhava, na cidade de Neuchâtel, na Suíça.
O acidente, ocorreu no dia 9 de outubro de 2014, num dia de más condições atmosféricas, provocado pelo embate de uma locomotiva e o vagão de cimento, onde eu estava, nas escadas da locomotiva.
Após o acidente, fui logo socorrido e transportado de helicóptero para o hospital universitário da cidade de BERN.
VA – Foi difícil a sua recuperação?
FR – Realizei 15 operações no espaço de um ano, tendo sido submetido à amputação da perna esquerda, além de ficar com outras lesões, mas apesar de tudo isso, nada me tem impedido de realizar os meus sonhos… apesar da incapacidade física que resultou deste acidente, nunca perdi a vontade de viver e muito menos de deixar de lutar pelos meus sonhos...
Após o acidente foi-me diagnosticado stress pós traumático, e conto ainda hoje com o apoio psicológico do Dr. Carlos Albino (Psicólogo Clínico e coach).
VA – E quais são esses sonhos?
FR – A minha paixão pelo desporto, sempre esteve bem presente na minha vida. Na Suíça, era adjunto do treinador, de uma equipa de futebol das classes juvenis. O interesse pelo Ténis adaptado, surgiu um certo dia, quando o fisioterapeuta me convidou para experimentar esta modalidade. Desde esse momento, começou a minha paixão pelo Ténis adaptado e decidi seguir em frente com essa modalidade. Atualmente, sou o primeiro e único jovem a praticar esta modalidade na cidade de Loulé e na região do Algarve.
VA – Onde e como desenvolve a modalidade de Ténis adaptado?
FR – Após várias pesquisas sobre o Ténis adaptado em Portugal, obtive o contato do selecionador Joaquim Nunes, entrei em contato com ele e referi o meu interesse por esta modalidade e decidi conhecer o Joaquim Nunes pessoalmente, num treino no clube de Ténis de Loulé.
Assim, desde novembro de 2018, para prosseguir e “enveredar” pelo mundo do Ténis adaptado, tenho treinos diários no clube Ténis de Loulé com o treinador João Blaize.
Para além desses treinos, tenho ainda treino personalizado diário, no ginásio IN SHAPE em Loulé. Este trabalho a nível físico, além de ser complementar é essencial para o meu corpo e para a minha qualidade de vida.
VA – Pensa tornar-se atleta de competição na modalidade de Ténis adaptado?
FR – Sim, é essa a minha vontade e por isso em janeiro deste ano, estive no Clube de Ténis de Setúbal, a treinar para que, o responsável da Federação Portuguesa de Ténis adaptado, pudesse avaliar as minhas competências e orientar-me, para assim dar seguimento ao meu percurso, no âmbito desta modalidade.
VA - Para realizar o sonho de ser atleta de alta competição, de que meios dispõem e de que meios necessita para alcançar esse objetivo?
FR – Atualmente, os meios que disponho, são os treinos diários no clube de Ténis de Loulé. Tenho participado em torneios nacionais e inclusive participei em três torneios internacionais (Vilamoura, Setúbal e Porto), realizados este ano. Futuramente, necessitarei de apoios financeiros para poder evoluir e participar em mais torneios de Ténis adaptado, uma vez que atualmente não disponho de patrocínios de qualquer entidade local e/ou regional.
Preciso de realizar torneios internacionais, com outros jogadores de alta competição, para poder obter mais experiência, aprendizagem e acima de tudo evolução, no ranking nacional e internacional.
VA - Como vê o futuro desta modalidade no Algarve?
FR - Uma vez que sou o único jogador de Ténis adaptado na região do Algarve, irei fazer de tudo o que tiver ao meu alcance, para poder divulgar este desporto e poder contribuir para chegar a outros indivíduos que queiram também participar nesta modalidade.
Tenho consciência que estou limitado, devido aos escassos apoios financeiros, mas irei tentar chegar às entidades, que possam ou queiram de alguma forma contribuir, para podermos dar “asas” e evolução a esta modalidade desportiva.
O Algarve tem o melhor clima da Europa, tem um forte potencial, se todos “contribuírem” e forem sensibilizados para esta causa. Podemos sem dúvida evoluir bastante e quem sabe, constituir futuramente, uma equipa de Ténis adaptado, como já existe nas modalidades de Andebol e Basquetebol Adaptado.
O meu Sonho é...
Ser campeão português de Ténis adaptado e representar a Seleção Nacional de Ténis adaptado a nível internacional.
Nathalie Dias