RODRIGO VARGAS GENTE QUE SABE ESTAR

11:39 - 03/11/2019 OPINIÃO
Por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano | pinguinhaluisjose@gmail.com

Nome: Rodrigo Mendes Vargas

Ano nascimento: 2004 (9 fevereiro)

 

No futebol de hoje, o ponta de lança de uma equipa é o seu primeiro defesa e o guarda-redes o seu primeiro atacante. É o primado do coletivo, do grupo, da equipa sobre o individualismo. Sobre esta questão recordo-me sempre de uma jogada de Miguel Máximo, um virtuoso esquerdino (nascido em 2000) que representou o Louletano nas camadas jovens que, num jogo de Iniciados, recebeu a bola perto do banco dos técnicos do Louletano, driblou oito (!) -sim, não é engano, foram mesmo oito- adversários e, quando terminou o slalon estava no mesmo local em que iniciou a jogada e fez, então, um passe de cinco metros para um companheiro. Uma jogada que teve tanto de empolgante como de ineficácia. É certo que deliciou os espectadores (“espetáculo”, “o puto é uma maravilha”, ouviu-se da bancada), mas revelou-se inconsequente para a equipa.

É claro que, e a bem do futebol, pela beleza estética e coreográfica e porque não estão ao alcance de qualquer um, lances semelhantes ao do Miguel são altamente desejados. A questão que se coloca é sobre a eficácia desses mesmos lances. É que há uma notória diferença entre exibir as qualidades só por exibir, ou melhor, jogar para as exibir e utilizá-las porque é a forma mais eficaz para resolver situações ao longo do jogo.

Ou seja, não está em causa o ludibriar oito adversários, o que está em causa é a necessidade dessa ação e, sobretudo, as consequências da mesma.

Prendem-se estas considerações sobre o papel de Rodrigo Vargas na equipa principal de Juvenis que disputa o Campeonato Nacional da categoria. Numa competição para jogadores de 2003, Vargas, nascido em 2004, tem tido lugar cativo na equipa e desempenhado um papel fundamental. Atuando na zona nevrálgica do terreno, no centro, Vargas denota uma positiva agressividade a defender, na recuperação da bola, é “bom de bola” como se diz na gíria, já que exibe qualidade técnica acima da média, o que lhe permite resolver situações difíceis em pequenos espaços, coloca bem a bola à distância fruto de uma boa leitura de jogo e de precisão de passe e assume-se como um exímio marcador de bolas paradas.

Poderia, talvez, ser mais acutilante ofensivamente, apostar mais na verticalidade atacante e utilizar com mais frequência a boa capacidade de remate que se lhe reconhece, mas compreende-se que tal acarretaria riscos acrescidos, já que destapar a zona central do meio campo é, a este elevado nível, um suicídio competitivo.

Daí que Vargas, cumprindo bastante bem defensivamente, sobressaindo no processo ofensivo e evidenciando elevada leitura tática, tem-se afirmado com um dos valores mais seguros desta equipa do Louletano.

E, sendo ainda de 2004, o que quer dizer que ainda é juvenil na próxima época de 2020/2021, maior notoriedade têm as suas prestações.

É caso para dizer que Vargas é gente que sabe, com elevada mestria, estar em campo e desempenhar as funções que lhe são confiadas.

Daí que qualquer Departamento de Scouting que se preze tenha que ter, na sua base de dados, um ficheiro sobre o Rodrigo Vargas