Testes de intolerância alimentar

10:49 - 14/06/2020 OPINIÃO
Por Teresa Lourenço | Nutricionista | Cédula Profissional 3087N tmlourenconutricao@gmail.com

Intolerância alimentar inclui um variado número de reações de hipersensibilidade a alimentos que são mediadas por mecanismos enzimáticos, psicossomáticos e farmacológicos, por ex.: défice de enzima (lactase), que acontece na intolerância à lactose. Por norma a sintomatologia é gastrointestinal – dores, distensão, diarreia, obstipação.

Os testes de intolerância alimentar tornaram-se famosos nos últimos tempos. Existem 2 testes bastante utilizados – Teste sanguíneo - através da recolha de sangue analisa-se a concentração de anticorpos IgG, estes anticorpos são produzidos normalmente pelo sistema imunitário quando ingerimos alguns componentes dos alimentos, quanto mais vezes os ingerirmos, mais IgG vamos produzindo. Ao realizar o teste de sangue, podemos ser considerados intolerantes a esses compostos erradamente, o que na realidade significa que temos estado mais expostos a esses alimentos.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, interpretações destas análises sem integração numa avaliação clínica apropriada, pode acarretar consequências graves, devido às elevadas restrições dietéticas que têm impacto nutricional, metabólico e claro, na qualidade de vida.

O outro teste é o VEGA Test que utiliza um equipamento eletrónico que mede a condução de eletricidade pelo corpo e possíveis alterações da mesma, este teste se for repetido pode ocasionar resultados diferentes.

Por norma perdas de peso podem existir devido às grandes restrições alimentares decorrentes dos testes e não propriamente do tratamento da intolerância alimentar.

Em suma, não existe fundamento científico para a utilização destes testes como diagnóstico e falsos diagnósticos podem ocasionar restrições alimentares desnecessárias e perigosas. Contudo, existem testes com bases científicas para a intolerância da lactose e da frutose (testes respiratórios de hidrogénio).