O presidente da Juventude Popular (JP) denunciou hoje a inexistência de corredores de triagem separados para doentes suspeitos de covid-19 no Centro de Saúde de Tavira e questionou se esta situação será única no país.
O presidente da JP, Francisco Mota, que explicou à agência Lusa ter recorrido ao centro como utente, disse que naquela unidade não existem corredores alternativos para doentes covid e não covid, sendo os utentes confrontados com a necessidade de esperar na mesma fila para serem atendidos.
"Quando estávamos à espera para ser atendidos, jovens, idosos, crianças, famílias completas, devido a outro tipo de doenças que não a covid-19, fomos surpreendidos, nessa mesma fila, por uma pessoa que disse estar para fazer o teste à covid-19", relatou.
Francisco Mota contou ainda que, durante o mesmo período, chegou uma outra utente que disse ter sintomas da doença que recebeu indicação do segurança para aguardar na mesma fila.
O presidente da JP adiantou que na origem da situação estará a falta de recursos humanos que assegurem entradas e triagens distintas, reclamando respostas do Ministério da Saúde, que acusou de "incompetência" e "falta de noção da realidade e do país real".
"Esta unidade é tutelada pelo Ministério da Saúde e coordenada pela Direção-Geral da Saúde que exige normas rijas a diversas entidades, que proíbe e condiciona milhares de empresários de trabalhar e constrói um discurso de responsabilidade coletiva e individual aos portugueses para combater a pandemia, e dentro da sua própria casa o desleixo e a falta de rigor são gritantes”, disse.
Para Francisco Mota, esta situação suscita "preocupação" particular por se tratar de um centro de saúde no Algarve, onde nesta altura há pessoas de todo o país, que em caso de contágio poderão disseminar a doença.
O dirigente centrista, que disse ter apresentado uma reclamação junto do Centro de Saúde de Tavira, equaciona, por outro lado, se esta será uma situação única ou se existem outras na região e no país.
“Em quantas mais unidades de saúde isto acontece? Estaremos perante uma bomba relógio de novos casos a serem espalhados por todo o país devido ao facto de estarmos num período de êxodo interno? Quantos portugueses e profissionais de saúde estão expostos a estas circunstâncias?”, questionou.
Francisco Mota manifestou ainda preocupação com os riscos a que estão expostos os profissionais de saúde, em especial naquele centro de saúde.
"Em Portugal, 30% dos infetados são profissionais de saúde, que infelizmente, continuam a combater esta guerra biológica sem que os mínimos sejam assegurados", disse.
Portugal contabiliza pelo menos 1.750 mortos associados à covid-19 em 52.537 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Em todo o mundo, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 722 mil mortos e infetou mais de 19,4 milhões de pessoas.