Plano de Recuperação e Resiliência prevê

09:00 - 17/10/2020 ECONOMIA
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) prevê «o maior investimento de sempre na habitação» em Portugal, segundo disse ontem o ministro das Infraestruturas e da Habitação.

Explicando que «os fundos comunitários não têm financiado a habitação», Pedro Nuno Santos declarou que «o máximo que se tem conseguido é financiamento na área da eficiência energética e, depois, temos muita dificuldade em conseguir aproveitar para dar resposta às reais necessidades de habitação da nossa população. Por isso usamos o PRR para financiar aquilo que não conseguimos financiar com o quadro financeiro plurianual».

No que toca à habitação, o governante - falando esta quarta-feira, dia 14 de outubro, durante uma audição conjunta com o ministro e Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação -  apontou «duas linhas principais» no PRR: o financiamento da habitação para a população carenciada, designadamente através do programa 1.º Direito, que terá «uma fatia muito significativa» das verbas disponíveis; e o financiamento de uma bolsa nacional de alojamento urgente, para cobrir a «falha de resposta do Estado a necessidades urgentes» de habitação.

Relativamente ao programa 1.º Direito, Pedro Nuno Santos garantiu que «está a ser feito com os dados mais recentes» e que «não existe nenhum limite»: «Houve uma primeira estimativa de 26 mil habitações, mas o investimento que vai ser feito é para dar resposta às identificações feitas pelos municípios, por isso não há nenhuma limitação ao investimento que terá de ser feito, simplesmente terá de ser feita a identificação correta das necessidades em termos de habitação digna», assegurou.

Ainda no domínio da habitação, mas fora da subvenção europeia, o governante disse que será feita uma aposta no arrendamento acessível dirigido às populações de rendimentos médios: «Aqui vamos fazê-lo através do recurso a dívida. Este arrendamento gera receita e por isso estamos mais confortáveis em não fazer o financiamento através da subvenção europeia, mas através de dívida», justificou.

Neste âmbito, precisou, será feito «um investimento muito significativo não só para recuperar o parque público, mas também para construir», sendo o objetivo «conseguir dar resposta às necessidades não apenas da população mais carenciada, mas também da população de rendimentos médios que hoje tem dificuldades muito significativas no acesso à habitação».

Investimento histórico em material circulante

Por outro lado, o ministro que tem também a tutela das Infraestruturas, adiantou que «com o PRR teremos a oportunidade de fazer o maior investimento de sempre na história da CP em material circulante novo».

Já no que diz respeito à rodovia, o ministro disse que o investimento previsto no PRR «não é o maior de sempre», mas tem de «inédito» o facto de, «pela primeira vez, a maioria do investimento ser feito no território de baixa densidade, portanto no interior».

«Nas últimas décadas não temos tido capacidade de responder a alguns problemas [ao nível da rodovia], vamos ter a possibilidade de o fazer agora», disse Pedro Nuno Santos.

Segundo salientou, o investimento previsto no PRR ao nível das infraestruturas e da habitação foi articulado com o do quadro financeiro plurianual, de forma a canalizar as verbas adicionais que vêm da Europa para combater a crise pandémica para áreas que os «fundos comunitários clássicos» não financiam.

«Os fundos comunitários já não financiam rodovia e nós continuamos a ter falhas graves na nossa rede viária, principalmente no interior do país, portanto o que fizemos foi aproveitar o PRR para fazer o financiamento na área da rodovia», disse o governante.

Assegurando que este investimento previsto na rodovia «não põe em causa» a estratégia de «centralidade dada à ferrovia em Portugal», o governante disse tratar-se de «ligações rodoviárias que complementam a rede ferroviária» e não de «um regresso ao investimento em autoestradas».

De acordo com Pedro Nuno Santos, os investimentos previstos a este nível passam por «ligações a áreas de acolhimento empresarial, ligações transfronteiriças, fecho de malha rodoviária e aumento de capacidade de redes viárias infraestruturantes, como o IP8».

Já no que diz respeito ao investimento na infraestrutura ferroviária propriamente dita (as linhas de caminho de ferro) e à infraestrutura portuária, a opção do Governo foi concentrá-lo no quadro financeiro plurianual, já que se trata de intervenções que podem ser financiados pelos fundos comunitários.

No caso específico do material circulante, Pedro Nuno Santos reconheceu que o país apresenta «uma falha grave», dispondo de um parque de material circulante «muito antigo, com décadas e vários problemas de manutenção», pelo que nesta área o financiamento será misto, provindo quer do quadro financeiro plurianual, quer do PRR.

«Temos aqui uma grande oportunidade, entre o PRR e o quadro financeiro plurianual, para investirmos na aquisição de material circulante», salientou, avançando estar prevista a aquisição de um total de 129 comboios, dos quais 62 urbanos, 55 para o serviço regional e 12 para o longo curso.

«É a maior compra de sempre da CP de uma só vez«, garante

 

Por: Idealista