Apresentação dos 6 candidatos às Juntas de Freguesia
Dinis Manuel Palma Faísca é Formado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, exerceu como padre durante 14 anos. Licenciado em Psicologia pela Universidade Pontifícia de Salamanca, com especialização em Terapia Familiar e Intervenção Sistémica Breve. Exerce há 8 anos as funções de Chefe de Gabinete no Município de Castro Marim.
A Voz do Algarve - Como surgiu o convite e porque decidiu candidatar-se a Presidente da Câmara Municipal de Tavira?
Dinis Faísca - Tudo começou com o convite a integrar um grupo de cidadãos que tinha por objetivo preparar um projeto político alternativo para o concelho. A dada altura, lançaram-me o repto de encabeçar a candidatura à Câmara Municipal de Tavira, com o apoio do PSD.
A convicção de que é possível estar na política com espírito de missão e humildade, ao serviço de todos os munícipes, sem olhar a cores partidárias, com o único propósito de melhorar a qualidade de vida daqueles que escolheram este concelho para viver, levou-me a aceitar o desafio de encabeçar a lista do PSD como independente.
VA - Formado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, exerceu como Padre durante 14 anos, 3 dos quais em Tavira, onde reside desde 2008. Essa forte ligação a esta terra ainda que em outras funções é a principal razão em aceitar este novo desafio, ou existem outros motivos?
DF - A grande razão que me levou a aceitar este novo desafio é sem dúvida o carinho, a consideração e a admiração que sinto pelas pessoas que me acolheram desde logo como um filho da terra.
O respeito e o apoio que senti para com a minha decisão de deixar de exercer o ministério sacerdotal é uma dívida que transporto em meu coração e que quero retribuir com entrega e dedicação na construção de uma nova visão e outra dinâmica no concelho de Tavira.
VA - Apesar de concorrer como independente, apoiado pelo PSD, quando é que ingressou na política e que cargos desempenhou até agora?
DF - A política deve ser entendida como um serviço ao próximo na construção do bem comum. Assim sendo, toda a minha vida foi pautada por esse princípio e forma de conceber o mundo.
Entre os anos de 2013 e 2017, assumi o cargo de deputado municipal, na Assembleia Municipal de Tavira.
O único cargo de nomeação política que desempenhei, desde 2013 até à presente data, sou o chefe de gabinete da Câmara Municipal de Castro Marim, ao lado do Presidente Francisco Amaral que muito me ensinou com o seu humanismo e altruísmo na relação com os munícipes.
VA - Como avalia o trabalho que o executivo socialista tem realizado ao longo deste mandato autárquico?
DF - O trabalho realizado nos últimos anos de gestão autárquica caracteriza-se pela demora nas decisões, totalmente incompatível com o ritmo dos privados, originando perdas e deslocalização de investimentos.
Falta planeamento, amadurecimento dos projetos por equipas multidisciplinares, envolvimento da comunidade na busca das melhores soluções. É o fazer pelo fazer, sem capacidade de diálogo e de ir ao encontro das reais necessidades dos tavirenses.
A Ilha de Tavira foi esquecida. O parque de campismo carece de obras de intervenção profundas, ao nível da qualidade e da segurança. O único investimento feito na ilha foi a renovação do cais de embarque, mas muito ficou por fazer.
Em 12 anos pouco ou nada foi feito para ajudar as famílias a fixar-se no concelho. As promessas de habitação ficaram todas no papel. E passados 12 anos voltam a prometer o mesmo, mais habitação social e construção a custos controlados.
Nestes últimos 6 meses estão a tentar fazer aquilo que não conseguiram executar em todo o mandato.
VA - Como é que avalia a evolução do Concelho de Tavira ao longo das últimas décadas e em particular ao longo dos últimos quatro anos?
DF - O concelho de Tavira, do mar à serra, tem condições ímpares de atratividade; o vasto património natural, arquitetónico, arqueológico, religioso, dos sabores e saberes é único na região. Estas potencialidades e especificidades do concelho de Tavira foram entendidas e promovidas durante os mandatos do Eng.º Macário Correia. Tavira desenvolveu-se. Depois, seguiram-se 12 anos de pouco investimento, de pouca proximidade com a população e de pouca iniciativa. O grande foco passou a ser a promoção de grandes eventos, a pensar mais naqueles que nos visitam do que propriamente nos residentes.
VA - Se for eleito Presidente da Câmara Municipal de Tavira, o que pensa que pode fazer no seu primeiro mandado autárquico em prol do desenvolvimento das pessoas e do Concelho.
DF - O nosso programa eleitoral aposta na participação das pessoas, pela cooperação com as associações e coletividades e pela permanente auscultação das forças vivas do território.
O exercício do mandato terá de ser enquadrado no contexto social de uma crise pandémica ou pós pandémica e económica. Neste sentido, daremos prioridade à implementação de uma política social de habitação, ou seja, na construção de habitação que vá ao encontro das necessidades habitacionais das famílias de baixos e médios recursos. Importa encontrar alternativas habitacionais com custos compatíveis com o poder de compra das nossas famílias, uma vez que o custo das casas no concelho de Tavira é dos mais altos da região.
Daremos primazia ao estímulo à economia, com vista à criação de emprego, à formação profissional, à saúde, à preferência das pessoas no usufruto do espaço público e de convívio.
A preocupação constante será o reforço e o reafirmar da nossa identidade produtiva, patrimonial, cultural e desportiva.
A preocupação pelo ambiente e pela mobilidade também merecerão uma especial atenção.
VA - Sendo a Dieta Mediterrânica um marco importante na afirmação do Concelho em termos reginais e nacionais o que pensa que pode ser desenvolvido para projetar ainda mais esse Património da Humanidade?
DF - No âmbito da Dieta Mediterrânica há todo um caminho a fazer. Ao nível da produção há que envolver o Centro de Experimentação Agrária de Tavira como agente de salvaguarda e pedagógico da Dieta Mediterrânica.
As escolas deverão adequar conteúdos curriculares, adotar estilos de vida e disponibilizar alimentação que se coadune com os padrões da Dieta Mediterrânica.
Importa desenvolver dinâmicas e projetos culturais específicos, fomentar intercâmbios internacionais e projetos de geminação entre cidades mediterrânicas.
Promover investimentos agrícolas e outros que sejam garantes de salvaguarda deste património imaterial da humanidade.
Pensar o espaço público e construir ciclovias e vias pedonais que fomentem a qualidade de vida e a vida saudável.
Refrescar a Feira da Dieta Mediterrânica e torna-la um ícone diferenciador e de referência, onde os produtores da região terão uma presença fundamental.
VA - Foi um dos doentes de Covid-19 que esteve por duas vezes em situação considerada muito grave. A vida após um susto como o que passou tem seguramente outro sentido, naqueles momentos, alguma vez temeu pela sua vida?
DF - Fui um dos doentes de Covid-19, no período em que o Algarve e todo o País enfrentaram o momento mais crítico. Foram 45 dias de muita angústia, sofrimento e algum medo. Tive a sorte de ter sempre ao meu lado a família, os amigos e os profissionais de saúde que foram incansáveis nos cuidados e no meu acompanhamento durante o processo de recuperação.
A dada altura temi pela minha vida, quando soube que tinha sofrido um tromboembolismo pulmonar bilateral, mas como homem de fé que sou mantive a tranquilidade e atitude positiva.
VA - Sendo infelizmente um tema atual, o que nos pode agora transmitir dessa experiência? Que ensinamentos pode evidenciar que sejam uteis para outras pessoas?
DF - O primeiro grande ensinamento é não descurar os cuidados na prevenção e seguir as normas de saúde. Só protegendo-nos, protegemos os outros.
A solidariedade e a proximidade emocional, ainda que mantendo o distanciamento físico, são fundamentais no processo de recuperação.
Importa partilhar os momentos de ansiedade e de medo de forma libertadora e a fortalecer a tranquilidade.
É nos momentos de maior fragilidade que reconhecemos os verdadeiros amigos, apaziguamos o nosso coração e recentramos a nossa vida no essencial.
Quando quase tudo perde o seu sentido, cresce o valor da presença daqueles que amamos.
VA - Qual o impacto que o COVID-19 teve e terá nos próximos anos na atividade económica do Concelho e que marcas sociais existem ou serão de esperar nas famílias Tavirenses?
DF - Esta crise pandémica e sanitária deixará no tecido económico e social do concelho marcas profundas e, infelizmente, algumas delas, irreparáveis. A impossibilidade de despedida dos familiares falecidos durante o período de confinamento, assim como o próprio confinamento, a incerteza, a insegurança, o isolamento, poderão gerar perturbações cujo impacto é difícil de calcular.
A saúde mental, tão maltratada na região, adquire uma importância ainda maior.
Neste contexto são espectáveis mudanças de comportamento que irão criar novas dinâmicas económicas. Irá aumentar a tendência para procurar locais mais isolados para fixar residência ou em lazer. Tal tendência poderá ser uma oportunidade para revitalizar o interior do nosso concelho.
O sector produtivo da economia, em particular o sector primário, ganha uma nova dinâmica. A diversificação da economia da região é entendida como forma de ultrapassar a excessiva dependência do turismo.
Possivelmente irá aumentar a aposta no turismo nacional e da própria região.
VA - Como avalia a resposta ao COVID-19 dada pela União Europeia e pelo governo Português?
DF - A resposta a uma situação tão inesperada quanto dramática terá de ser uma resposta dinâmica e em constante adaptação à realidade.
Houve momentos em que a mesma foi errática, com dificuldades na planificação e antecipação, o que causou alguma insegurança.
Pareceu-me ter existido algum preconceito ideológico, na dificuldade que houve em ativar os privados numa resposta articulada no combate à pandemia.
É de louvar o soberbo trabalho feito pelas autarquias locais e proteção civil na proteção à população, suprindo a falta de meios da saúde.
Gostei de ver a União Europeia a comprar as vacinas em bloco para todos os países que a incorporam.
O processo de vacinação iniciou de forma muito atribulada, mas graças ao rigor militar ganhou planificação, rapidez e critério.
Os profissionais de saúde e todos aqueles que estão e estiveram na linha da frente do combate à pandemia foram impressionantes na capacidade de trabalho, na entreajuda e no humanismo. Merecem a gratidão de todos nós.
VA - Como perspetiva a retoma das várias atividades económicas do Concelho e em particular às ligadas ao Turismo?
DF - A retoma será um processo gradual. Praticamente todas as atividades económicas estão fragilizadas, ainda que as ligadas ao Turismo tivessem sofrido um maior impacto.
O turismo nacional poderá ser a grande ajuda na recuperação. As próximas férias deverão ser orientadas para locais mais próximos e de carácter mais familiar.
O tecido empresarial está a reinventar-se para fazer face às novas exigências.
VA - Para além da questão profissional existe uma forte ligação ao Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Dr. Francisco Amaral. Tem sido um apoiante e colaborador ativo de várias causas como o tabagismo, combate a obesidade, diabetes problemas coronários entre outros. Essas serão também suas bandeiras para implementar em Tavira?
DF - A minha ligação ao Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Dr. Francisco Amaral, é profissional e pessoal, somos bons amigos e cresci muito com a forma como ele está na política.
Os diversos programas de promoção da saúde têm sido um sucesso, dada a complementaridade das abordagens, médica e psicológica, e ao trabalho de equipa desenvolvido por nós.
O que funciona há que replicá-lo. Como tal, tenciono implementar alguns desses programas em Tavira, nomeadamente o programa de combate ao tabagismo e à obesidade.
VA - Tem ao seu lado como Candidato à Assembleia Municipal, o Eng.º Macário Correia. Qual pode ser para si e para o Concelho a mais-valia de um apoio tão significativo para Tavira nesta batalha autárquica?
DF - O facto do Eng.º Macário Correia integrar o nosso projeto autárquico é um motivo de satisfação para todos nós e de esperança para o concelho. O conhecimento, a capacidade de trabalho, a experiência e a obra feita no concelho pelo Eng.º Macário Correia são um selo de qualidade da nossa candidatura e uma mais-valia para Tavira.
Como o saber e a maior experiência dos outros não me assustam, pois são para mim fonte de aprendizagem e oportunidade de crescimento, iremos trabalhar em equipa em prol dos tavirenses.
VA - Tendo em conta que o PSD e o CDS firmaram um Acordo Autárquico a nível nacional, tenciona também apresentar-se em coligação ou apenas com a bandeira do PDS?
DF - A nossa candidatura, que agrega vários elementos sem filiação partidária e um conjunto de pessoas de diversos quadrantes políticos, só terá o apoio do PSD. O que nos une é a vontade de construir um projeto alternativo consistente e integrador.
VA - Para quando a indicação dos Candidatos às Juntas de Freguesia do Concelho? Já nos pode adiantar alguma coisa?
DF - Já escolhemos os 6 candidatos às Juntas de Freguesia. Optámos por refrescar e escolher candidatos que se apresentam pela primeira vez ao veredito do eleitorado.
O nosso candidato à União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago) é o João Miguel Figueiredo Horta, de 42 anos e bombeiro de profissão.
O Ângelo Miguel Gago Gonçalves, de 34 anos de idade, bancário é o candidato à União das Freguesias da Luz e Santo Estêvão.
A União de Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira terá como candidato o Hélder Conrado, agente imobiliário de 36 anos de idade.
O empresário, Nelson Faustino, de 46 anos de idade é o candidato à Freguesia de Santa Catarina.
O candidato à Freguesia de Santa Luzia é o empresário Artur Minhalma, de 50 anos de idade.
O Rafael Ribeiro Dias, de 35 anos de idade, mediador de seguros, será o candidato à Freguesia de Cachopo.
Também iremos ter em consideração, na constituição das listas, um equilíbrio 50/50, entre homens e mulheres, indo além daquilo que está estipulado na lei da paridade (representação mínima de 40 % de cada um dos sexos).
VA - Fale-nos um pouco mais da sua ambição e projeto autárquico para Tavira apesar de ainda distar cerca de quatro meses das eleições autárquicas?
DF - O meu projeto autárquico é um projeto de proximidade à população, de escuta da comunidade, de capacidade de envolver, de fazer sonhar e concretizar.
Valorizo o trabalho em equipa, a entrega generosa em prol do concelho e a resposta célere e útil às solicitações.
Queremos fazer mais e, sobretudo, de forma diferente.
O meu propósito é trabalhar para todos os tavirenses, é trabalhar para um concelho de recursos tão vastos, para uma cidade tão linda e que nos traz tanta magia.
O meu propósito é acarinhar todos os que nos visitam, seja por breves momentos, para passar férias ou para trabalhar e viver condignamente.
O meu propósito é envolver os cidadãos nos projetos e nas tomadas de decisão, pois ninguém é detentor de toda a sabedoria e todos somos importantes na construção de uma cidade, de um concelho, de um distrito, de um país e de um mundo melhor!
Confio que os tavirenses irão acreditar no meu projeto e fazer a melhor opção.
Por: Nathalie Dias