Dados da IATA mostram que o impacto da COVID-19 nas viagens domésticas levou a que a recuperação das viagens aéreas tivesse sido interrompida em agosto.
A procura global por viagens aéreas caiu 56% em agosto, descida que foi decisiva para a desaceleração da recuperação do transporte aéreo face a julho, quando este indicador apresentava uma quebra de 53% em comparação com igual mês de 2019, indica a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), num comunicado divulgado esta quinta-feira, 30 de setembro.
“Os resultados de agosto refletem o impacto das preocupações sobre a variante Delta nas viagens domésticas, mesmo que as viagens internacionais continuem num ritmo lento em direção a uma recuperação total que não pode acontecer até que os governos restaurem a liberdade para viajar. Nesse sentido, o recente anúncio dos Estados Unidos de suspender as restrições de viagem a partir do início de novembro para viajantes totalmente vacinados é uma notícia muito boa e trará certeza a um mercado importante. Mas os desafios permanecem”, alerta Willie Walsh, diretor-geral da IATA.
De acordo com os dados divulgados pela associação, a descida da procura por viagens aéreas foi “totalmente impulsionada” pelos mercados domésticos, que apresentaram uma descida de tráfego aéreo 32,2% face a agosto de 2019, o que traduz “uma grande deterioração em relação a julho de 2021, quando o tráfego caiu 16,1% em relação a dois anos atrás”.
“O pior impacto foi na China, enquanto a Índia e a Rússia foram os únicos grandes mercados a mostrar uma melhoria mensal em comparação com julho de 2021”, destaca o comunicado da IATA.
Na procura internacional, agosto trouxe uma descida de 68,8% face a agosto de 2019, o que, ainda assim, representa uma melhoria face à quebra apresentada em julho, quando este indicador tinha caído 73,1%, com a IATA a revelar que “todas as regiões apresentaram uma melhoria, que foi atribuída ao crescimento das taxas de vacinação e às restrições de viagens internacionais menos rigorosas em algumas regiões”.
Por regiões, foi na Ásia-Pacífico que a descida do tráfego aéreo internacional foi mais expressiva em agosto, chegando a uma queda de 93,4% em comparação com agosto de 2019, praticamente sem melhoria face a julho, quando a descida tinha sido de 94,5%. A IATA lembra que a região continua a ter “apertadas medidas de controlo de fronteiras”, o que ditou também uma descida de 85,7% na capacidade e de 44,9 pontos percentuais no load factor, que ficou nos 37,9%, “de longe o mais baixo entre todas as regiões”.
Já no Médio Oriente o tráfego aéreo desceu 69,3% em agosto, valor que representa uma melhoria face a julho, quando a quebras tinha sido de 73,6%. A capacidade, por sua vez, caiu 55%, enquanto o load factor ficou 26,2 pontos percentuais abaixo do de igual mês de 2019, situando-se nos 56,2%.
Na América Latina, o tráfego aéreo apresentou uma quebra de 63,1%, o que também indica uma melhoria face ao mês anterior, quando este indicador tinha descido 68,3%. Já a capacidade recuou 57,3% e o load factor caiu 11,4 pontos percentuais, ficando nos 72.6%, o “mais elevado entre todas as regiões pelo 11.º mês consecutivo”.
Na América do Norte, o tráfego desceu 59%, o que traduz uma melhoria face aos 61,7% que tinha descido no mês anterior, enquanto a capacidade caiu 48,5% e o load factor perdeu 18,0 pontos percentuais, situando-se nos 70,3%.
Em África, a descida do tráfego aéreo foi de 58,5%, também com uma recuperação face a julho, quando a quebra tinha sido de 60,4%. Já a capacidade caiu 50,1% e o load factor desceu 12,7 pontos, para 63,0%.
Já a Europa foi a região onde o tráfego aéreo apresentou o melhor desempenho em agosto, com o tráfego a cair 55,9%, “significativamente melhor” do que a descida de julho, que tinha chegado aos 63,2%. A capacidade desceu 45,0% e o load factor perdeu 17,7 pontos percentuais, fixando-se nos 71,5%.
Segundo Willie Walsh, “a rápida desaceleração na recuperação do tráfego doméstico, em agosto, devido a um pico da variante Delta, mostra como as viagens aéreas continuam expostas aos ciclos da COVID-19”, o que deve levar os governos a manter o apoio à indústria.
Por: Publituris