A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, e a Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, deslocam-se esta sexta-feira, dia 26 de novembro, aos concelhos de Vila do Bispo e Aljezur, para a cerimónia de colocação da primeira peça do Centro Expositivo, na Fortaleza de Sagres, e assinatura do Plano de Ação Plurianual para a implementação e gestão do centro interpretativo do Ribat da Arrifana, em Aljezur.
A cerimónia de colocação da primeira peça no Centro Expositivo, na Fortaleza de Sagres, terá lugar às 14h00, seguindo-se uma visita às obras em curso no monumento.
Com abertura prevista para o início de 2022, o Centro Expositivo será um pólo museográfico que irá proporcionar aos diversos públicos uma reflexão sobre o valor singular deste território, desde a Antiguidade aos nossos dias, relacionando-o com as Viagens de Exploração Oceânica e com a figura do Infante D. Henrique. A exposição, dedicada às “Viagens”, permitirá uma experiência interativa com a relevância do Promontório de Sagres como a primeira experiência de globalização no Mundo. A empreitada, que ascende a cerca de 1,5 milhões de euros, está na fase da construção da cenografia.
No Salão Nobre da Câmara Municipal de Aljezur, pelas 15h30, será assinado o Plano de Ação Plurianual para a implementação e gestão do centro interpretativo do Ribat da Arrifana, na sequência do protocolo já assinado, em 2019, entre o Ministério da Cultura, o Município de Aljezur, a Universidade Nova de Lisboa e o Fundo Aga Khan para a Cultura, que estabeleceu os princípios para a implementação de uma parceria estratégica para efeitos da investigação, da preservação, do desenvolvimento e da divulgação do sítio arqueológico.
Seguir-se-á, então, uma visita ao Ribat da Arrifana. Localizado na Ponta da Atalaia, a norte da povoação da Arrifana, o denominado Ribat da Arrifana está classificado como Monumento Nacional e é considerado por muitos investigadores que se dedicam ao estudo da presença islâmica medieval no Ocidente como uma das mais importantes descobertas arqueológicas do século XXI.
As pesquisas histórico-arqueológicas indiciam que este local teve um papel relevante num movimento de matriz sufi, de existência efémera, que se impôs no extremo Sudoeste do Gharb al-Ândalus e está bem identificado nas fontes escritas do século XII. Esse movimento foi liderado por Ibn Qasi, chefe (mahdi) da oposição aos Almorávidas e temporariamente aliado do rei D. Afonso Henriques.
O complexo construtivo terá começado a ser edificado em data próxima a 1130 da era cristã por iniciativa de Ibn Qasi. Da sua morte, em 1151, provavelmente resultante de uma conspiração interna, terá resultado a quebra do movimento e a desagregação da comunidade religiosa aqui residente, com o definitivo abandono do Ribāt em data muito pouco posterior.
O Ribāt da Arrifana constitui um raro complexo edificado, que testemunha um episódio excecional na trajetória histórica do território, hoje, português, diretamente relacionado com a afirmação de Portugal como estado soberano; a curta ocupação do local, balizada por testemunhos literários e confirmada na cronologia atribuída aos materiais descobertos, e o excecional estado de conservação das estruturas e depósitos associados, fazem deste monumento um local de excelência para o estudo da presença islâmica no território que haveria de, um século mais tarde, cair sob domínio cristão.
A visita terminará com uma visita ao Ribat da Arrifana.