Portugal está comprometido em atingir a neutralidade carbónica até 2050, tanto que poderá ser antecipada para 2024.
A crise energética está instalada na Europa. Tudo começou quando eclodiu a guerra na Ucrânia, um conflito que travou o abastecimento de gás russo no espaço europeu. Desde então, os preços dos produtos energéticos estão a escalar. E a importância de apostar em energias renováveis voltou para a ribalta. Portugal está comprometido em atingir a neutralidade carbónica até 2050, tanto que poderá ser antecipada para 2024. E a intenção do primeiro-ministro sobre esta matéria ainda vai mais longe: «Temos a ambição [de ser] exportadores de energia verde», declarou António Costa.
Está a decorrer a 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) até ao próximo dia 18 de novembro em Sharm el-Sheikh, no Egito. E, no evento, António costa deixou bem clara a posição de Portugal em matéria de transição energética, reafirmando o compromisso de continuar a apostar nas energias sustentáveis, de forma a que o país se torne num exportador de energia verde. «Continuamos a apostar nas renováveis e temos a capacidade e a ambição de passar de importadores de energia fóssil a exportadores de energia verde», António Costa, primeiro-ministro
No evento, o chefe de Estado português sublinhou que Portugal conseguiu antecipar o encerramento das últimas centrais a carvão em dois anos – a central do Pego foi a última a fechar. Estas centrais «já deixaram de funcionar no ano passado e, apesar da crise energética, não vamos reativar», frisou ainda.
De notar ainda que o peso das energias renováveis no total de eletricidade consumida em Portugal já representa 60%. «E o nosso objetivo é crescer para 80% até 2026», avançou António Costa. Este compromisso coloca o país no caminho certo para se tornar, no futuro, num exportador de energia verde.
Mas o primeiro-ministro não ficou por aqui, sublinhando que as metas assumidas por Portugal em matéria de energia verde «são ambiciosas». «Reforçámos o nosso objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050, com o compromisso de estudar a viabilidade da sua antecipação até 2045», vincou ainda enquanto discursava no evento.
Sobre esta matéria, Presidente da República considera que Portugal tem assumido as suas responsabilidades ambientais. «Num largo consenso nacional e como afirmou o primeiro-ministro, Portugal tem vindo a assumir as suas responsabilidades e espera que a COP27 possa obter conclusões que permitam atingir os objetivos para 2050, não cedendo à tentação, por razões de futuro imediato, de sacrificar o futuro a prazo da humanidade», afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Transição energética é «compatível» com crescimento económico
No discurso que fez na COP27, esta terça-feira, dia 8 de novembro, o primeiro-ministro defendeu que a transição energética é compatível com o crescimento económico, mas é principalmente um “imperativo moral” dos líderes políticos em relação às gerações futuras que não pode abrandar por causa da guerra na Ucrânia.
«O drama da guerra na Ucrânia não nos pode desviar da urgência da resposta aos desafios das alterações climáticas», declarou António Costa. «Na verdade, as consequências desta guerra têm demonstrado quão necessário é acelerar a transição energética e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. Todos somos afetados pela dramática escalada de preços na energia decorrente desta guerra, deixando milhões em situação de pobreza energética», argumentou o líder do executivo português.
O primeiro-ministro falou neste contexto no caso de Portugal, «que há mais de 15 anos iniciou a aposta nas energias renováveis» e «é um exemplo de como investir cedo na transição garante menor dependência e maior segurança do ponto de vista energético».
Acordo de Paris: Costa apela a que países caminhem juntos
No plano político, o primeiro-ministro insistiu que «o diálogo multilateral é fundamental para atingir os objetivos do Acordo de Paris e encontrar as respostas para fazer face aos desafios globais».
«Juntos, podemos caminhar rumo a sociedades neutras em carbono. Sociedades resilientes aos impactos das alterações climáticas. Sociedades que gerem de forma eficiente, circular e sustentável os seus recursos, sociedades movidas por energias renováveis e apoiadas num princípio de transição justa. É esta a sociedade que Portugal deseja construir», acrescentou.
«Importa que saiamos de Sharm el-Sheikh com uma visão clara e que nos permita obter resultados das questões da mitigação ao financiamento, passando pela adaptação e revisão das contribuições nacionais. Este esforço tem de ser liderado pelos países desenvolvidos e pelos países grandes emissores», acentuou António Costa.
Por seu turno, o Presidente da República subscreve a posição do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, de que «a luta contra as alterações climáticas é uma questão decisiva e vital para o futuro de todos" e de que "é por isso fundamental tomar medidas efetivamente indispensáveis para evitar uma catástrofe mundial».
Por: Idealista