A agência de notação financeira DBRS considerou ontem que a instabilidade nos mercados financeiros Europa será contida, mas alerta que um prolongamento da volatilidade terá impacto nas perspetivas económicas, colocando alguns desafios políticos.
Num comentário divulgado hoje, os analistas da DBRS recordam que a falência do SVB Financial Group e do Signature Bank nos Estados Unidos, bem como a crise do Credit Suisse levaram a um aumento da volatilidade nos mercados financeiros europeus, com as ações dos bancos europeus a serem particularmente atingidas.
“Na nossa opinião, se a volatilidade do mercado financeiro for prolongada, isso provavelmente afetará as perspetivas económicas da Europa e apresentará alguns desafios políticos”, referem.
Ainda assim, dizem esperar que o impacto da instabilidade do mercado financeiro na economia da União Europeia (UE) seja contido, embora os riscos para as perspetivas tenham aumentado.
“As preocupações do mercado devem diminuir, refletindo os fundamentos dos bancos europeus e uma resposta oportuna das autoridades europeias. Os bancos europeus em conjunto parecem bem capitalizados, financiados e com uma base de depósitos estável. Os requisitos de liquidez são rigorosos”, justificam.
No entanto, alertam que “a confiança no sistema bancário pode enfraquecer e os riscos de liquidez podem aumentar caso ocorra um grande levantamento de depósitos e as autoridades não agirem prontamente, exacerbando os receios de contágio e prolongando a volatilidade nos mercados”.
Para os analistas, nesse cenário, desempenho económico europeu será afetado devido a uma menor confiança dos consumidores e dos investidores, reduzindo o consumo e o investimento e a uma diminuição do crédito à economia, à medida que os bancos reduzem os empréstimos em resposta a um aumento nos custos de financiamento.
“A decisão mais recente do BCE de aumentar as taxas de juros em 50 pontos base em março de 2023 pode ser seguida por um ritmo mais moderado de aperto ou mesmo uma pausa, pois avalia os potenciais riscos para a estabilidade financeira”, disse Carlo Capuano, responsável no departamento de ‘rating’ dos soberanos na DBRS.