O ministro da Saúde defendeu hoje a necessidade de qualificar a resposta de saúde nos lares, onde a carga de doença «é muito elevada», dando como exemplo o acesso direto a um médico 24h/dia através do balcão Saúde24.
Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de a legislação poder vir a obrigar os lares a terem um médico em permanência – uma ideia defendida pela Associação dos Médicos dos Idosos Institucionalizados (AMIDI) -, Manuel Pizarro disse que a “solução técnica” para melhorar a resposta de saúde nos lares ainda não foi encontrada.
O governante reconheceu a necessidade de continuar a “trabalhar em conjunto com a Segurança Social sobre as soluções técnicas” para melhorar as respostas de saúde nos lares e deu o exemplo do acesso direto ao balcão Saúde 24, que alguns lares já tiveram no inverno e que se pretende generalizar a tempo do próximo inverno.
“Não temos ainda a solução técnica, mas a orientação política é clara: tem que haver uma qualificação da resposta de saúde nessas estruturas, (…) sobretudo para que as pessoas sejam mais bem tratadas”, afirmou o ministro, que falava à Lusa à margem da audição de hoje no grupo de trabalho de Saúde Mental da Comissão Parlamentar de Saúde.
No final de janeiro, o presidente da associação dos médicos dos idosos que estão nos lares defendeu a necessidade de ter clínicos em permanência nestas estruturas, para garantir uma vigilância e assistência regular, evitando muitas vezes o transporte para a urgência.
“Concordo que os lares não são hospitais, mas é indiscutível que mais de metade dos idosos internados nos lares são doentes e têm de ter vigilância e assistência regular”, disse na altura João Gorjão Clara, que preside à AMIDI.
O responsável, que é especialista em Medicina Interna, lembrou que muitos dos idosos que vão para os lares têm várias doenças e levam a sua medicação, que muitas vezes não é ajustada com a devida regularidade e defendeu que os médicos que prestam assistência aos utentes dos lares deviam ter formação específica.
“Há lares que nunca têm médico, e aí presumo que a medicação não seja ajustada, em outros o médico vai uma vez por semana e em outros duas vezes”, explicou, sublinhando que “isso não cobre as necessidades dos doentes idosos que estão nas ERPI [Estruturas Residenciais Para Idosos]”.
Mais de 100.000 idosos vivem nos cerca de 3.500 lares existentes em Portugal, entre lucrativos, setor social e não legalizados.
Por: Lusa