Em julho, o teatro, o cinema e a poesia têm destaque na programação do DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos, que acontece nos monumentos afetos à Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg) – Fortaleza de Sagres, Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe e Ruínas Romanas de Milreu.
O programa cultural da DRCAlg deste ano propõe uma reflexão sobre “Patrimónios (Des)confortáveis” e apresenta projetos, pensados para os monumentos, que abordam esta temática com várias linguagens artísticas.
As Ruínas Romanas de Milreu recebem no próximo sábado, dia 2 de julho, pelas 18 horas, o projeto “De Miami a Milreu” promovido pelo JAT – Colectivo Janela Aberta Teatro.
Trata-se de uma adaptação da peça do Grupo de Teatro Comunitário - Quarteira Fora da Caixa, para as Ruínas Romanas de Milreu. A história gira à volta do CINEMA MIAMI, que encerra portas de maneira forçada, para ser aberto um furo para descobrir petróleo. Uma homenagem ao antigo cinema quarteirense, o Cine-esplanada Mariani, e a todos os espaços culturais que fecham, pelas mais variadas razões.
Este espetáculo é uma adaptação de uma história (des)confortável, que se repete ainda nos dias de hoje, e que desencadeia um levantar da voz popular contra o atropelamento da cultura, em nome do desenvolvimento económico.
A Panapaná – Associação Cultural e Recreativa apresenta no dia 8 de julho, pelas 18 horas, também em Milreu o projeto “As Carpideiras”.
Trata-se de uma criação artística original no domínio dos cruzamentos disciplinares que intersecta, ao nível da performance, as áreas de teatro e dança.
Na parte agrícola da villa, na outra margem do Rio Seco, distante dos mausoléus dos proprietários da villa, foi identificado um enterramento cemiterial denominado pelo arqueólogo Estácio da Veiga como “campo mortuário de Guelhim”. Os materiais aqui encontrados permitiram considerar a pertença à classe servil dos defuntos inumados. Honrando a memória destes serviçais, “As Carpideiras” celebram também outros mortos que, em circunstâncias históricas e culturais diversas, foram forçados em vida a abandonar seus territórios e comunidades de origem ou residência habitual, na condição de escravos, lembrando que a escravidão é a expressão máxima da desigualdade nas relações humanas.
A Direção artística é de Neusa Dias e a cocriação e interpretação é de Marta Gorgulho, Neusa Dias e Sara Martins.
No âmbito da programação de cinema a Fortaleza de Sagres irá receber a 3ª sessão do ciclo “Libertar a Memória” promovido pelo Cineclube de Faro, no dia 22 de julho, pelas 17h30.
Esta sessão conta com a curadoria de Luca Argel, que selecionou os filmes: “Babás” (2010, Brasil, DOC, 20 min), de Consuelo Lins e o filme “A que horas ela volta?” (2015, Brasil, Drama, 1h47) de Anna Muylaert.
"Libertar a Memória" explora questões como a (des)colonização, escravatura, segregação social, lugares e identidades, numa pluralidade de perspetivas e visões. Os curadores convidados, embora com percursos pessoais e profissionais diversos, têm em comum a proveniência direta ou familiar de territórios afetados pela colonização e estão ligados entre si pelo estudo, pensamento, cultura e ação em temas de memória e pós-colonialismo e suas consequências ainda presentes. Para complementar as exibições, irão estar disponíveis algumas publicações, com a curadoria literária de Marta Lança e do projeto Buala.
“Libertar a Memória” tem a coordenação artística e curadoria de Luísa Baptista e a produção técnica de Pedro Mesquita. As sessões seguintes irão acontecer a 26 de agosto (assinala o Dia Internacional da lembrança do Tráfico Negreiro e da sua Abolição), com curadoria de Suzano Costa, e a 23 de setembro, com curadoria de Kitty Furtado.
As Ruínas Romanas de Milreu acolhem, no dia 23 de julho, pela manhã, duas atividades DiVaM. Pelas 10 horas, uma palestra “volante” intitulada “Milreu: Olhar o invisível”, em género de passeio orientado, por João Pedro Bernardes (professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve), dando a conhecer aspetos “quase invisíveis” deste sítio patrimonial.
No mesmo dia, pelas 11 horas, será apresentado “Poesias (des)confortáveis” pela ARCA – Associação Recreativa e Cultural do Algarve, em parceria com a ACREMS - Associação Cultural Recreativa Escola de Música Sambrazense - Banda Filarmónica de São Brás.
Um dos objetivos principais deste espetáculo é mostrar as estreitas ligações que existem entre as várias culturas, a forma como viveram em distintos períodos da nossa História e como os poetas representaram o (des)conforto do Homem.
O projeto integra música e poemas de autores intemporais, tais como: Catulo, Horácio, Virgílio, Al-Mu'tamid, Camilo Pessanha, Camões, Jorge de Sena, Fernando Pessoa, entre outros. A direção artística é de Fernando Guerreiro e a direção musical é de Albano Neto.
Todas as atividades DiVaM são de entrada livre, mediante inscrição.
A programação do DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos – com o tema “Patrimónios (des)confortáveis ” está disponível
aqui.