A exposição já pode ser visitada na Igreja de S.Paulo,em Tavira
Uma exposição que mostra a riqueza das chaminés tradicionais algarvias, intitulada “Chaminés Encantadas”, está patente ao público na Igreja de S. Paulo, em Tavira. A mostra tem alguns dos trabalhos de Avantino Moreira, fotógrafo amador que se apaixonou por este elemento arquitetónico tradicional da região.
A sua relação com este tema começa em 1976, altura em que é «convidado para trabalhar em Portimão» e parte «para esta região onde nunca tinha estado, serpenteando as curvas do Barranco do Velho», recorda, lembrando que se vai «dando conta das imensas diferenças existentes entre Lisboa, o Alentejo e o Algarve». Recorda, com emoção, que os seus «olhos viraram-se para o alto, em busca das misteriosas, altaneiras e belas chaminés Algarvias». Imediatamente as considerou especiais: «Eram lindas, de aspeto e formato variados, umas mais rendilhadas que outras, de enormes proporções algumas e muito mais humildes as restantes, mas todas elas querendo parecer-se aos minaretes das mesquitas dos países muçulmanos».
Desde então, a máquina fotográfica é sua companheira quotidiana e vai registando «esse legado imperdível, toda essa incomensurável e popular manifestação artística», que lamenta que se esteja a perder. «Das dezenas e dezenas de chaminés que registei grande parte foi demolida…. Outra grande parte foi substituída…», comenta e salienta, todavia, que ainda há quem tenha esta paixão: «Muitos cidadãos estrangeiros recuperam chaminés e há pessoas que vão registando este Património, amadores como eu, ou profissionais, como o fotógrafo Filipe da Palma, que tem um belo trabalho de recolha e divulgação da arquitetura tradicional algarvia».
A mostra, organizada pela ARTgilão TAVIRA pode ser vista no coro alto da Igreja de S. Paulo, localizada bem no centro de Tavira.
BIOGRAFIA DE AVANTINO MOREIRA
Avantino Sousa Moreira nasceu a 17 de maio de 1944 numa pequena aldeia do distrito de Viseu, onde a agricultura e a mineração do volfrâmio eram as principais atividades económicas. Aos nove meses de idade, parte para África, Angola, então colónia portuguesa, com a família.
O seu interesse pela fotografia surge aos 7 anos, quando o pai adquire uma máquina fotográfica Kodac (popularmente conhecida como “caixote”), que trabalhava com rolos de 6x9.
Usa-a e vai aprendendo as regras básicas da fotografia, através da capacidade de observação.
Esse gosto vai-se intensificando e, já adulto (em 1967), adquire uma Asai Pentax Spotmatic 1000. Regista, com ela, as belezas africanas, durante as suas viagens e, quando deixa o país, após a descolonização, em 1975, regista os primeiros momentos no seu país de origem, onde nunca tinha regressado. Em 1980 adquire uma Asai Pentax Z1 (Reflex, tal como a anterior). Já fazia fotos de chaminés, bem como de outros temas (inclusive, fotos que foram usadas nas suas investigações profissionais, enquanto Engenheiro do Ministério da Agricultura).
Em 2002 frequenta um curso de fotografia no Instituto Português da Juventude (Faro), orientado pela fotógrafa algarvia Telma Veríssimo, onde desenvolveu as técnicas de revelação e ampliação de preto e branco.
Pouco depois, adquire uma Cannon EOS 300D (SLR) e passa a trabalhar em formato digital. Atualmente, trabalha com uma Cannon EOS 450D (SLR).
Tem no seu arquivo mais de 1000 fotografias de chaminés, embora se interesse por fotografar outros elementos arquitetónicos tipicamente algarvios (portas, janelas, platibandas, noras).
Apaixonado pela cultura e arte populares, fez da fotografia uma das suas formas de expressão.