Há mais casas licenciadas e concluídas para habitação familiar em 2022 face ao ano anterior. Mas preços subiram 14,4%, diz INE.
A falta de oferta de casas em Portugal continua a ser uma realidade, apesar de haver mais casas novas a chegar ao mercado. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam isso mesmo: o número de casas licenciadas e concluídas em 2022 para habitação familiar subiu na ordem dos 3% face ao ano anterior. Mas também as vendas de casas em Portugal atingiram um recorde nesse ano, absorvendo a oferta e pressionado os preços das casas à venda, que acabaram por subir 14,4% face a 2021.
No que diz respeito aos licenciamentos de habitações em Portugal, os dados mais recentes do INE indicam que foram licenciadas 37.458 casas em 2022, o que representa uma redução de 0,5% em comparação com o ano anterior, mas uma subida de 5,3% face a 2019. Acontece que a grande maioria dos fogos licenciados em 2022 (30.247 fogos) correspondiam a construções novas para habitação familiar, o que representa um aumento de 3,2% em relação ao ano anterior e de 17,1% face a 2019.
Olhando para as casas com obra acabada em Portugal, observa-se que foram concluídos 23.489 fogos no país em 2022, representando um ligeiro decréscimo de 0,1% face ao ano anterior, mas uma subida de 42,4% face a 2019. “Nas construções novas para habitação familiar, o número de fogos totalizou 20.156, um crescimento anual de 3,0% (+55,6% face a 2019)”, explica o gabinete de estatística português na nota publicada esta terça-feira, dia 18 de julho.
As estatísticas gerais sobre obras licenciadas e concluídas apontam para uma redução face a 2021, mas uma subida face a 2019 (antes da pandemia e da guerra na Ucrânia):
Obras licenciadas: foram licenciados 24.696 edifícios em Portugal, o que representa uma diminuição de 4,4% em relação ao ano anterior. Deste valor 76,1% corresponde a edifícios licenciados para construção nova, dos quais 15.309 edifícios para habitação familiar (-0,6% face a 2021 e +12,3% face a 2019).
Obras concluídas: estima-se que tenham sido concluídos 15.588 edifícios (-3,5% face a 2021 e +10% face a 2019). Do total, as obras concluídas em construções novas para habitação familiar representaram 61,4% do total, correspondendo a um acréscimo de 1,4 pontos percentuais (p.p.) face ao ano anterior.
Venda de casas atinge recorde – e preços continuam a subir
Tal como noticiou o idealista/news, a venda de casas em 2022 atingiu um valor recorde, apesar do atual contexto marcado pela alta inflação e subida dos juros no crédito habitação, que tem arrefecido os negócios. "Em 2022, o número de transações de alojamentos fixou-se em 167.900 unidades, o registo mais elevado da série iniciada em 2009”, aponta o INE. Mas o número de vendas subiu apenas 1,3% face ao ano anterior, o que, à exeção do ano 2020 “fortemente condicionado” pela pandemia, “constituiu o crescimento do número de transações mais baixo desde 2012”.
Já o valor das habitações transacionadas em 2022 ascendeu a 31,8 mil milhões de euros, correspondendo a um crescimento de 13,1% relativamente a 2021. E foram as casas usadas, uma vez mais, as mais vendidas e as que movimentaram mais capital durante o ano passado, por comparação a venda de casas novas.
Por outro lado, verificaram-se menos pedidos de avaliações bancárias para efeitos de concessão de crédito habitação (cerca de 120.000 avaliações, menos 2,7% face ao ano anterior). “No ano de referência, observou-se uma redução de 3,0 p.p. no peso relativo do número de avaliações face ao número de transações de alojamentos familiares, fixando-se em 71,4%”, aponta o INE.
O atual contexto de venda de casas em alta e baixa colocação de casas no mercado face à procura acaba por reduzir oferta de habitação disponível do mercado, pressionando ainda mais os preços. Foi por isso mesmo que o preço das casas à venda subiu 14,4% em 2022 face ao ano anterior, fixando-se em 1.484 euros/m2 em 2022.
Também o mercado de arrendamento encontra-se pressionado, elevando os contratos e os preços. “Em 2022, a renda mediana dos 92.664 novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares celebrados em Portugal atingiu 6,52 euros/m2, aumentando 7,9% face a 2021. Também se verificou um aumento de 6,1% no número de novos contratos celebrados relativamente ao ano anterior”, explica o INE.
Por: Idealista