Montante de novos créditos habitação renegociados nos últimos 12 meses é quase igual ao total somado dos últimos 4 anos.
A rápida subida dos juros nos créditos habitação colocou muitas famílias portuguesas em dificuldades financeiras, sobretudo, porque a grande maioria possui empréstimos a taxa variável e indexada à Euribor. Perante este cenário, há cada vez mais famílias a pedir para renegociar os créditos habitação, tendo o valor disparado nos últimos 12 meses para 3,79 mil milhões de euros. Mas os bancos estão a dificultar a revisão dos contratos.
Os dados do Banco de Portugal (BdP) revelam que as renegociações dos créditos habitação têm vindo a aumentar a partir de outubro passado, quando as prestações da casa começaram a ser atualizadas e a pesar mais nos orçamentos familiares. E a tendência acentuou-se nos meses seguintes, depois do Governo ter publicado o diploma que estabelece novas regras para renegociar os créditos habitação para contratos até 300 mil euros e taxas de esforço acima de 36%.
O balanço anual não deixa margem para dúvidas: as renegociações de créditos habitação em Portugal dispararam nos últimos 12 meses. Entre junho de 2022 e maio de 2023, o montante global de créditos renegociados para a compra de casa superou os 3,79 mil milhões de euros, correspondendo a cerca de um quinto dos novos contratos celebrados em igual período (22,8% dos 16.609 milhões de euros concedidos). Este valor é quase o mesmo do total acumulado em renegociações entre junho de 2019 e maio de 2022 (cerca de 3,87 mil milhões), segundo as contas do Jornal de Notícias.
A renegociação dos créditos habitação é, de resto, uma das únicas opções que as famílias têm hoje para baixar a prestação da casa, sendo que a ideia passa por melhorar as condições do contrato para evitar incumprimentos. Agora, as famílias podem ainda aceder à bonificação dos juros no crédito habitação – uma medida incluída no pacote Mais Habitação, que vai ser alargada - amortizar os créditos sem custos e ainda usar as poupanças dos Planos de Poupança Reforma (PRR) para amortizar os créditos habitação.
Acontece que a vida de quem quer avançar com a renegociação dos créditos habitação não tem sido facilitada pelos bancos, muito embora as instituições financeiras tenham interesse em evitar situações de incumprimentos. A questão é que quando as famílias avançam para a restruturação do contrato, os bancos têm de registar a operação junto do BdP como “incidente bancário”, o que pode dificultar empréstimos futuros.
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Por: Idealista