Novo aperto da política monetária voltou a subir as taxas Euribor, que estão entre 3,672% a 3 meses e 4,149% a 12 meses.
Uma vez mais, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu subir as taxas de juro diretoras em 25 pontos base na semana passada, elevando a taxa de refinanciamento para os 4,25%, o maior valor registado desde o verão de 2008. Este novo aperto da política monetária voltou a dar gás às taxas Euribor, que atingiram médias em julho entre 3,672% a 3 meses e 4,149% a 12 meses. Isto quer dizer que as famílias que decidirem avançar com a contratação de um crédito habitação este mês de agosto vão pagar prestações da casa mais elevadas, revelam as simulações do idealista/créditohabitação.
As recentes subidas das taxas de juro diretoras pelo BCE têm dado gás à evolução ascendente da Euribor, refletindo-se nas taxas médias mensais, que voltaram a avançar em julho nos três prazos:
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Euribor a 12 meses: chegou aos 4,149% em julho, mais 0,142 pontos percentuais (p.p.) face à registada 4,007% em junho;
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Euribor a 6 meses: subiu para 3,942% em julho, uma taxa 0,117 p.p. superior em relação à registada no mês anterior (3,825%);
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Euribor a 3 meses: fixou-se em 3,672% em julho, mais 0,136 p.p. face a junho (3,536%).
E até quando irão subir as taxas Euribor? Ainda não se sabe. Mas, após a última reunião de política monetária, a presidente do BCE deixou em "aberto" as próximas decisões sobre as taxas de juros. “Temos uma atitude aberta quanto às decisões que vão ser tomadas em setembro e nas reuniões seguintes”, disse Christine Lagarde, explicando que “pode ser uma subida ou uma pausa”, mas garantidamente não será um corte. Tudo dependerá da evolução da inflação na Zona Euro este mês – que tem dado sinais de descida.
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Prestações da casa ficam mais caras em agosto
As recentes subidas das taxas Euribor vão, portanto, encarecer ainda mais os novos créditos habitação de taxa variável, tal como mostram as simulações preparadas pelos especialistas do idealista/créditohabitação, tendo por base um novo empréstimo habitação de 150.000 euros, com spread de 1% e prazo de 30 anos.
Assim, quem avançar com um crédito habitação em agosto (que usa a média da Euribor de julho) vai pagar mais de prestação da casa do que quem contratou o empréstimo no mês anterior, tal como revelam os dados:
Crédito habitação com Euribor a 12 meses: quem contratar um empréstimo para comprar casa em agosto vai pagar uma prestação de 819 euros no primeiro ano, mais 14 euros do que quem assinou o contrato no mês anterior;
Crédito habitação com Euribor a 6 meses: um financiamento com estas características implica pagar uma prestação da casa em agosto (e nos cinco meses seguintes) de 799 euros, mais 10 euros do que quem avançou com o crédito um mês antes;
Crédito habitação com Euribor a 3 meses: aqui prestação da casa em agosto situa-se nos 775 euros, um valor que será pago nos três meses seguintes, até ser novamente atualizado. Esta prestação é 12 euros superior à dos créditos habitação contratados em julho.
Embora as taxas Euribor continuem a subir para patamares de 2008, as taxas variáveis continuam a ser as mais contratadas em Portugal, representando 88% do stock do crédito habitação. Isto acontece, sobretudo, porque as taxas fixas também têm subido – e muito – estando em níveis semelhantes. Mas enquanto as taxas fixas não mexem do início ao fim do contrato, as taxas variáveis podem subir ou descer no futuro.
Dentro do universo das taxas variáveis, a Euribor a 12 meses continua a ser a mais expressiva, representando 40,3% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável em maio de 2023. Os mesmos dados do Banco de Portugal (BdP) indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 34,4% e 22,8%, respetivamente.
Mas, apesar das taxas variáveis continuarem a ser as mais contratadas, há mudanças na procura de crédito habitação. Face à subida dos juros e da perda de poder de compra, as famílias estão a optar por comprar casas mais baratas, por pedir menos capital emprestado aos bancos e a escolher mais a taxa mista, revelou o relatório trimestral do idealista/créditohabitação em Portugal.
Euribor sobe mais de 4,8 pontos desde fevereiro - e prestações aumentam 350 euros
Recuando ao início da subida das taxas Euribor e ao começo das simulações realizadas pelo idealista/créditohabitação, salta à vista que os indexantes aumentaram mais de 4,4 p.p. em apenas 18 meses e as prestações da casa subiram na ordem dos 350 euros:
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Crédito habitação com Euribor a 12 meses: este indexante estava em -0,335% em fevereiro de 2022, tendo dado um salto de 4,484 p.p. em apenas ano e meio, já que se fixou em 4,484% em julho de 2023. Assim, as prestações da casa subiram de 460 euros para os créditos habitação contratos em março de 2022 para 819 euros para os novos empréstimos de agosto de 2023 (+359 euros).
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Crédito habitação com Euribor a 6 meses: também este prazo deu um salto de 4,418 p.p., já que estava em -0,479% em fevereiro de 2022 e passou para 3,942% em junho de 2023. Portanto, quem decidiu avançar com um empréstimo da casa em março de 2022 pagou nos primeiros seis meses 450 euros/mês. Quem assinar um crédito habitação agora em agosto de 2023 vai pagar mais 349 euros de prestação, ou seja, 799 euros mensais nos 6 meses seguintes.
Quem contrata um novo crédito habitação em agosto vai sentir logo o aumento das taxa média da Euribor nas prestações da casa. Mas quem contratou o empréstimo da casa a taxa variável há vários meses também vai sentir os efeitos deste aumento a pique das taxas Euribor nas prestações, assim que forem atualizadas a 3, 6 ou 12 meses. Aqui a dimensão a subida vai depender de vários fatores, como o capital em dívida e do ano do contrato.
Perante este cenário, há cada vez mais famílias com dificuldades em pagar a prestação da casa. Foi por isso mesmo que o Governo lançou várias medidas de apoio que visam apoiar estes agreagados, como é o caso das novas regras para renegociar o crédito habitação, a amortização do crédito sem custos (que cria condições favoráveis à transferência de créditos para outros bancos), a possibilidade de resgatar o Plano de Poupança Reforma (PRR) para amortizar o crédito habitação e ainda a bonificação dos juros prevista no Mais Habitação, que deverá ser alargada a mais famílias. Até agora, tem-se registado uma corrida às renegociações dos empréstimos habitação, bem como de amortizações.
Por: Idealista