Principais favoritos da Volta a Portugal em bicicleta, cuja 84.ª edição se disputa entre quarta-feira e 20 de agosto, num total de 1.600,5 quilómetros, de Viseu a Viana do Castelo:
Mauricio Moreira, Por (Glassdrive-Q8-Anicolor, Por): Depois de ter perdido a Volta2021 para Amaro Antunes (entretanto desclassificado por doping) por meros 10 segundos, por ter cometido erros de amador, o uruguaio redimiu-se na passada edição, fazendo as pazes consigo e confirmando que aquele segundo lugar não foi um acaso.
Contrarrelogista de elite, ou não tivesse conquistado o título de campeão nacional de júnior em 2012 e de sub-23 quatro anos depois, o ‘herdeiro’ do ‘mítico’ Federico Moreira é também um excelente trepador, embora em 2022 tenha sido na montanha onde revelou as maiores debilidades, acabando por destronar o seu companheiro Frederico Figueiredo apenas no ‘crono’ final.
Esta época, ‘Mauri’ voltou a exibir-se ao seu melhor nível, conquistando o Troféu Joaquim Agostinho, o Grande Prémio O Jogo e ainda a Clássica da Primavera. Aparentemente mais acostumado à pressão e às obrigações que andar de amarelo na Volta implica, o corredor de 28 anos é o favorito número um a revalidar o título, a menos que queira retribuir a ‘Fred’ a generosidade do ano passado.
Frederico Figueiredo, Por (Glassdrive-Q8-Anicolor, Por): A vitória no Troféu Joaquim Agostinho de 2020 foi o ‘clique’ que faltava para o ciclista de 32 anos acreditar no seu potencial, espelhado em prestações combativas, ataques corajosos e lugares de destaque em provas aqui e do outro lado da fronteira, e chegar pela primeira vez ao pódio na Volta a Portugal na edição especial.
Depois de anos de azares, ‘Fred’ foi terceiro na Volta2020, e a prestação abriu-lhe as portas da sua atual equipa, que confiou no trepador para ser um dos seus líderes durante as três últimas temporadas e também na Volta a Portugal, na qual foi incontestavelmente o ciclista mais forte na passada edição, ‘abdicando’ do triunfo ao aguardar por Moreira sempre que o seu colega uruguaio passou dificuldades.
A lealdade à Glassdrive-Q8-Anicolor poderá mesmo ser o grande ‘obstáculo’ de Figueiredo, que esta época venceu ‘apenas’ a Clássica Aldeias do Xisto e a terceira etapa do Joaquim Agostinho (era o tricampeão em título), na luta pela vitória final, tal como os quilómetros de contrarrelógio, que ainda no ano passado o fizeram perder a amarela no último dia da Volta.
António Carvalho, Por (ABTF-Feirense, Por): O corredor de São Paio de Oleiros chegou, finalmente, ao pódio da Volta a Portugal na passada edição, após anos a tentar, a maior parte deles na condição de gregário, o papel que também desempenhou na Glassdrive-Q8-Anicolor em 2022 e que parece ‘libertá-lo’ da pressão e fazê-lo ter melhores resultados, como aconteceu também em 2019, na extinta W52-FC Porto.
Vencedor da classificação da montanha em 2014 e de três etapas, incluindo na Senhora da Graça em 2019 e 2022, Carvalho viu-se inesperadamente promovido a líder único da ABTF-Feirense, depois de Amaro Antunes (posteriormente suspenso por doping), já com contrato assinado com a formação de Santa Maria da Feira, se ter retirado ainda antes do arranque desta temporada.
Apaixonado pela pastelaria, este fortíssimo contrarrelogista, que costuma galgar posições na geral no derradeiro ‘suspiro’ da Volta, apresenta-se na 84.ª edição com resultados discretos e a regressar de lesão, após ter fraturado a clavícula no início de julho.
Delio Fernández, Esp (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, Por): O mais discreto dos quatro galegos que fizeram carreira na Volta a Portugal foi sexto na passada edição, a que assinalou o seu regresso à prova ‘rainha’ do calendário nacional com as cores de uma equipa lusa, depois de seis temporadas na Delko, formação francesa da segunda divisão mundial, entretanto extinta.
Da primeira passagem do ciclista de 37 anos pelo país ficarem três vitórias em etapas, um terceiro lugar (2014) e um ‘infeliz’ quarto posto (2015), após um ‘trambolhão’ de duas posições na geral provocado por um péssimo ‘crono’ no penúltimo dia.
Vencedor da Volta à Áustria em 2017, Fernández procura suceder a Alejandro Marque como referência dos tavirenses e regressar ao pódio da principal prova portuguesa, tendo dois oitavos lugares - um na Volta ao Alentejo, outro no Grande Prémio Abimota – como principais cartões de visita esta época.
Joaquim Silva, Por (Efapel, Por): No ano passado, o ciclista de 31 anos declarou que “dificilmente” na sua carreira iria discutir a Volta a Portugal, por não saber lidar com a pressão de ser líder, mas esse ‘desabafo’ a quente não pode ser levado a sério perante a época excelente que está a fazer.
Muito consistente ao longo da temporada, ‘Quim’ foi vice-campeão do Grande Prémio O Jogo, terceiro no Douro Internacional e no contrarrelógio dos Nacionais e top 10 no Gran Camiño (vencido pelo bicampeão do Tour Jonas Vingegaard), Volta às Astúrias e GP Beiras e Serra da Estrela.
O triunfo final do GP Jornal de Notícias em 2021, e a clara aposta da Efapel no seu potencial transformaram um corredor que passou quase sempre despercebido e que teve uma passagem efémera pela espanhola Caja Rural (2018), mas que tem um grande valor, como atesta o estatuto de vice-campeão da Volta a Portugal do futuro em 2014, atrás do ‘WorldTour’ Ruben Guerreiro.
Luís Fernandes, Por (Rádio Popular-Paredes-Boavista, Por): É difícil saber o que esperar do corredor de 35 anos nesta edição após uma temporada para lá de discreta, e na qual o 13.º lugar final no GP Douro Internacional figura como melhor resultado, entre desistências e classificações modestas.
Mas é na Volta que Fernandes mais se destaca, como aconteceu em 2022, quando foi um surpreendente quarto classificado, depois de três edições (2018-2020) a ficar à porta do top 10.
Vencedor da classificação da montanha na Volta ao Algarve de 2021, tem contra si o facto de não ter um bloco forte e não ser um ‘fã’ de contrarrelógios, embora este ano o exercício seja menos prejudicial a trepadores, por acabar no alto de Santo Luzia (Viana do Castelo).
Artem Nych, Rus (Glassdrive-Q8-Anicolor, Por): É caso para dizer que o russo de 28 anos chegou, viu e venceu. Na sua primeira época em Portugal, conquistou o GP Beiras e Serra da Estrela, foi segundo no Troféu Joaquim Agostinho e somou top 10 na maioria das provas em que participou.
Campeão russo de fundo em 2021, Nych foi ‘resgatado’ pela Glassdrive-Q8-Anicolor ao desemprego a que foi condenado com o desaparecimento da Gazprom-RusVelo, devido à invasão da Rússia à Ucrânia, e demonstrou estar à altura da confiança, afirmando-se como um sério concorrente perante Moreira e Figueiredo.
Contrarrelogista de credenciais confirmadas – foi terceiro no exercício dos Nacionais do seu país em 2019 -, o 12.º classificado da Volta a França do Futuro de 2017 pode ser um ‘joker’ da sua equipa na luta pela geral e um potencial candidato ao pódio.
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