A Comissão Concelhia para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, presidida por Carlos Albino, elemento decisivo nas operações que culminaram, em 1974, com o fim da ditadura e a restauração das liberdades, reuniu no dia 5 de fevereiro, na sala da Assembleia Municipal, com cerca de 40 instituições do concelho.
Estiveram presentes representantes dos partidos políticos e dos agrupamentos escolares, associações culturais e presidentes de junta de freguesia, numa sessão que teve como propósito dar a conhecer as pessoas que integram a estrutura de missão, apresentar as linhas mestras que pautarão a sua ação e incitar os presentes à participação através de sugestões e de propostas de iniciativas a realizar no quadro das comemorações.
«Herança & Projeto» resume o espírito de missão e é, em simultâneo, a «marca» que a Comissão pretende imprimir no concelho. Integram a Mesa de Honra Vasco Lourenço, a maior figura viva da Revolução, o ex-ministro João Cravinho, o poeta Casimiro de Brito, o deputado à Constituinte Móz Carrapa, os antigos presidentes da Câmara Municipal de Loulé, José Mendes Bota e Sebastião Seruca Emídio, o presidente em exercício, Vítor Aleixo, e o presidente da Assembleia Municipal de Loulé, Carlos Silva Gomes.
Com um programa que se obriga à qualidade e à excelência foram reveladas algumas iniciativas já agendadas pela Comissão.
Umas das primeiras ações a realizar é a criação de uma bandeira das comemorações que será hasteada em todos os espaços públicos do município e todos os lugares que o pretendam fazer. Será um esforço suplementar que a comissão considera da maior importância para uma cultura dos símbolos da identidade nacional.
No que diz respeito ao dia 25 de Abril estão programados dois momentos. Um protocolar e uma sessão solene que terão lugar no Cineteatro Louletano.
A sessão iniciará com uma gravação feita no dia 25 de Abril de 1974, numa residência universitária, em Coimbra, por António Laginha, Mendes Bota, Manuel Joaquim da Costa Guerreiro.
As companhias de teatro Mákina de Cena e Ao Luar Teatro apresentarão a teatralização de parte do romance «Os Memoráveis», de Lídia Jorge.
Seguir-se-á uma conferência do Professor Doutor Carlos Reis sobre a obra de Lídia Jorge e uma intervenção da escritora. A encerrar a sessão duas breves alocuções do presidente da Câmara Municipal de Loulé e do presidente da Assembleia Municipal de Loulé.
Um dos momentos de referências das comemorações será a exposição do fotógrafo Luíz Carvalho. Em Loulé serão mostrados trabalhos que integram o álbum «Portugueses», publicado em 1984.
Em Quarteira estarão patentes ao público fotografias mais recentes que captam momentos e figuras relevantes da Revolução dos Cravos.
Outro dos momentos de especial relevo será a sessão de testemunho com o Capitão de Abril Vasco Lourenço sobre o pacto MFA/ Partidos Políticos.
«A Novíssima Poesia Portuguesa» terá também lugar cimeiro no programa das Comemorações. Atendendo a toda uma geração de poetas, Loulé, será o ponto de reunião e projeção no futuro de jovens, de todo o país, que estão a iniciar o seu percurso e a afirmar a sua voz nas letras portuguesas. Loulé será novamente, como foi para os poetas que despontaram na década de 60, através do Prisma de Cristal, publicado na Voz de Loulé e dirigido por Casimiro de Brito, um ponto de referência no panorama da produção poética contemporânea.
O ciclo «Boas Conversas», que se realizará ao longo do ano e em diversas terras do concelho, Loulé, Quarteira, Almancil, Salir, vai trazer ao concelho comentadores e analistas dos vários órgãos de informação nacional que nos ajudarão a pensar o país e o mundo. A Comissão entende que não podemos ficar confinados às pessoas que só falam entre si. As «Boas Conversas» terão esse desígnio: abrir, ainda mais, Loulé ao resto do país.
Estas iniciativas serão as traves-mestras do programa apresentado pela Comissão que irá incorporar a programação cultural do Município e as iniciativas propostas pelas escolas, associações e as demais instituições do concelho.
É firme intenção da Comissão que as Comemorações Concelhias dos 50 anos do 25 de Abril, nas palavras do seu Diretor, sejam «uma bandeira que se ergue com o peso da nossa convicção» desejando e tudo fazendo para que «aqui, e em toda a parte, a clarividência tome o lugar da cegueira» afirmando a liberdade e os valores democráticos.