Biblioteca Sophia de Mello Breyner | Loulé | 7 de março
Aquário é a primeira parte da trilogia da “Teoria do Pessimismo” da criadora artística Marlene Barreto. Depois do espetáculo que estreou no Teatro da Comuna em 2022, Aquário é agora, transformado em livro-objeto com lançamento agendado para 21 de fevereiro nas Correntes d’Escrita, pelas 19h00, no Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim.
“Num mundo cada vez mais distópico, Aquário é uma metáfora à perda do sentido de humanidade, da destruição física, mental e emocional do ser humano, face a um capitalismo e acesso ao poder desmedidos”, refere a criadora.
A estória passa-se num futuro de exceção, após a erupção do supervulcão Yellowstone, onde a humanidade está à beira da extinção. P. acorda no meio de uma névoa de fumo sem qualquer referência de si mesma. A única ajuda é A., a autora da sua história, que vive em desespero profundo devido à iminência do fim, dependendo de um aquário para sobreviver.
Marlene Barreto confessa-se obcecada pelo desdobramento dos objetos artísticos e desafia “os projetos a nunca terem um fim e a serem desdobrados em outro e mais outro, chegando a públicos completamente distintos", acrescenta.
“A simples ideia de transformar o Aquário num livro foi uma ideia muito tentadora e arrebatadora ao mesmo tempo. Como performer e criadora, o desafio era criar um objeto que desafiasse as convenções da literatura e da leitura. Queria poder intervir nele de forma livre, através da estética, da forma, dos ritmos e das dinâmicas. No fundo, criar, também, uma nova experiência de leitura ao leitor. Essa liberdade artística foi, talvez, uma das maiores razões pela qual optei por fazer uma edição de autor a quatro mãos com a designer Joana Tordo”.
Sara Carinhas, atriz, criadora, escritora e Stella Faustino, escritora e investigadora do projeto, foram convidadas a dar o pontapé de saída com textos, a que a autora chamou “Perspetivas". “No caso da Sara, sentia que ela tinha de fazer parte deste objeto. Pois, foi dela que ouvi, pela primeira vez, o termo “pessimismo” para definir o espetáculo em 2022. Após absorver, achei que poderia ser uma força na minha linguagem e converti o termo numa espécie de teoria, a qual tenho a oportunidade de explicar no livro”- refere Marlene Barreto.
“Quando escrevi Aquário estava longe de imaginar que esta seria a primeira parte da “Teoria do Pessimismo (a minha)”, e este livro permitiu-me debater sobre ela. Uma espécie de campo de estudo dos meus próprios pesares, da luta comigo própria, dos meus sentimentos mais recônditos, dos meus traumas mais dilacerantes”, acrescenta a autora.
Depois da apresentação nas Correntes de Escrita, o livro-objeto Aquário será apresentado nos seguintes locais: Livraria Greta, em Lisboa (28 de fevereiro), Loulé na Biblioteca Sophia de Mello Breyner (7 de março), no Porto no podcast ao vivo FEMINA, nos Maus Hábitos (11 de março), e na Livraria Poetria (12 de março).
De realçar a apresentação de Aquário no Rio de Janeiro na Casa da Escada Colorida a 4 de abril, espaço que acolhe a segunda fase d’“A Teoria do Pessimismo” que já começou a ser desenhada e que culminará com o espetáculo MEMO em outubro deste ano.
Como consequência da sua obsessão pelos desdobramentos e objetos, a criadora reservou ainda para este momento, outra estreia muito especial: a música-tema de Aquário, música original da brasileira Brina Costa e com as participações de Madalena Palmeirim, Moreno Veloso, Paulo Mutti e Zé Manoel, assim como o videoclipe realizado pela criadora no momento do primeiro laboratório artístico do espetáculo. “ Tem sido um caminho incrível o deste projeto. Eu própria, fico espantada com as ramificações deste projeto, graças à colaboração de uma equipa dedicada. Cada vez mais, as pessoas são o que mais valorizo no mundo profissional”.
Sinopse:
2036, P. acorda com o som ensurdecedor de um alarme de emergência. Não há nada em seu redor a não ser uma intensa névoa de fumo. Sem saber quem é, procura respostas, mas a única pessoa que as pode fornecer é A., a autora da sua história que vive imersa num desespero profundo com a iminente extinção da Humanidade provocada pela erupção do vulcão Yellowstone.
A personagem reivindica um novo final e a autora luta pela sua sanidade mental. Mas o que começa por ser uma luta pela sobrevivência acaba por se transformar em algo maior com a presença de um terceiro elemento: uma visão do destino da humanidade.
Nota Biográfica |Marlene Barreto
Marlene Barreto [Loulé- Portugal, 1984] é dramaturga, atriz e criadora artística e documental. É formada em Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica Portuguesa, fez formação na CAL - Rio de Janeiro e Arte 6. É fundadora da Mescla - Associação Cultural e nos últimos anos, tem-se dedicado ao projeto «Teoria do Pessimismo» (trilogia), uma pesquisa focada nos perigos que assolam a Democracia. Em 2020/ 21 realizou o documentário Isolamento e atualmente está a preparar o processo de Memo, a segunda obra da trilogia. Escreveu os textos Reflexo e Aquário, levados a cena em 2017 e 2021, respetivamente. Aquário – 1.ª parte da trilogia da Teoria do Pessimismo, deu origem a um livro de nome homónimo que é, agora, lançado nas Correntes de Escrita.