Sepp Kuss saltou para a «ribalta» com a vitória na Volta a Espanha, mas o feito não mudou o ciclista norte-americano da Visma-Lease a Bike, um novo «campeão» entre os fãs, rendidos à sua simplicidade.
O norte-americano pode ter conquistado a última Vuelta, mas a sua essência não mudou: perde longos minutos a aceder aos pedidos dos fãs, abre um sorriso rasgado em cada foto, demora-se com todos quando outros, com o seu estatuto, reduzem ao mínimo o tempo em ‘público’ para evitarem as inúmeras solicitações.
Kuss é a nova ‘estrela’ do pelotão mundial para os adeptos da modalidade, maravilhados com a sua proximidade, humildade e afabilidade, mas a sua presença ainda continua a ser discreta, pelo menos em relação aos media, que por estes dias, na Volta ao Algarve, parecem obcecados por seguir cada pedalada ou suspiro de Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) ou do seu companheiro Wout van Aert.
Por isso, enquanto o seu colega belga mal se vê no meio de uma ‘nuvem’ de jornalistas, o ‘Durango Kid’ (o miúdo de Durango, em tradução livre) responde tranquila e simpaticamente às perguntas da agência Lusa, começando pelo óbvio: quanto é que a vitória na Volta a Espanha, diante dos ‘colossos’ Jonas Vingegaard e Primoz Roglic, revolucionou a sua vida?
“Mudou muito, mas não demasiado. As coisas mais importantes não se alteraram, mas dá-me muita confiança, mais fãs. É sempre bom ter um apoio extra como o que eu tenho desde que isso aconteceu. É agradável. Em diferentes sítios, as pessoas reconhecem-me e abordam-me, e para mim é bom estar disponível para elas”, resumiu, em entrevista à Lusa.
As “coisas mais importantes”, pelo que se percebe, são os valores bem vincados num ciclista que é um dos mais populares entre os seus colegas do pelotão e que foi alvo de uma verdadeira onda de simpatia e apoio quando Vingegaard, o bicampeão do Tour, e Roglic, vencedor do Giro2023, atacaram a sua liderança na Vuelta.
Hoje, após a saída de ‘Rogla’ para a BORA-hansgrohe, foi promovido de gregário a líder da Visma-Lease a Bike, pelo que, ao contrário do que aconteceu em 2023, não vai aventurar-se nas três grandes Voltas.
“O ano passado foi realmente especial. Gostava de fazê-lo outra vez, mas tem de ser no ano certo. Previsivelmente, esta temporada não farei as três. Esta época tenho como objetivos sobretudo a Volta a França e a Vuelta. E, na primavera, quero apenas ver como me saio. Sinto-me bem, mas, para já, ainda não tenho objetivos concretos”, avançou à Lusa.
Em ano de Jogos Olímpicos, também ao contrário da maioria, o norte-americano de 29 anos não se ‘candidata’ a ser selecionado para as provas de estrada de Paris2024.
“Seria sempre bom participar, mas penso que não é o tipo de traçado para mim. E, nos Estados Unidos, temos muitos corredores que são verdadeiramente bons para esse percurso. Prefiro vê-los saírem-se bem e talvez noutro ano haja um traçado melhor para mim”, explicou.
No regresso à Volta ao Algarve, na qual esteve, como o próprio recorda entusiasticamente, em 2017 e 2018, Kuss diz sentir uma sensação “muito boa”.
“Para mim, foi a primeira corrida que fiz na Europa, em 2017, ainda na Rally [Cycling]. Tenho boas memórias. Depois, repeti a experiência em 2018, e é sempre bom voltar. São estradas que me são familiares, é sempre uma boa prova”, acrescentou.
Apesar de estar na luta pela geral – é terceiro, a meros 12 segundos do camisola amarela, o colombiano Daniel Martínez -, o ciclista da Visma-Lease a Bike considerou que a ‘Algarvia’ não é a corrida ideal para si.
“Não há montanhas de alta altitude, mas quero fazer o meu melhor. Temos o Jan [Tratnik], que está em ótima forma. Quero ir um dia de cada vez”, antecipou.
Lusa