Produção de amêndoa em Portugal aumenta quase 40.000 toneladas entre 2010 e 2022

13:58 - 13/03/2024 NACIONAL
A produção de amêndoa em Portugal cresceu quase 40.000 toneladas entre 2010 e 2022, impulsionada pelo aumento da área de amendoal no Alentejo, Beira Interior e Trás-os-Montes, com o Algarve a perder a sua tradicional representatividade.

Segundo dados enviados à Lusa pelo Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS), a produção de amêndoa com casca em Portugal passou de 7.012 toneladas em 2010 para 46.215 toneladas em 2022 (últimos dados).

Por sua vez, a produção de amêndoa sem casca ascendeu a 10.398 toneladas em 2022, acima das 1.578 toneladas contabilizadas em 2010, sendo que um quilograma (kg) de amêndoas com casca, equivale a 0,225 kg sem casca.

“A produção de amêndoa em Portugal tem tido um crescimento acentuado nos últimos anos, em resultado da forte renovação dos pomares de amendoeira observada em Trás-os-Montes, ao aumento da área de amendoal nesta região, mas principalmente devido ao forte aumento da área de amendoal no Alentejo e Beira Interior, com potencial produtivo devido à rega”, apontou, em resposta à Lusa, o presidente do CNCFS, Albino Bento.

Já a área de produção mais do que duplicou, no período em análise, de 26.842 hectares para 63.884 hectares.

Em Portugal, as principais regiões produtoras de amêndoa são Trás-os-Montes (26.770 hectares) e o Alentejo (26.698 hectares).

No total, Trás-os-Montes e Alentejo representam 84% da área de amendoal no país.

“O Algarve era tradicionalmente uma região produtora de amêndoa, mas atualmente é pouco representativa”, ressalvou Albino Bento.

As variedades mais utilizadas são Lauranne e Ferragnès (francesas) e Guara, Belona, Soleta, Marinada, Vayro e Glorieta (espanholas).

Apesar do aumento verificado na produção, as alterações climáticas têm sido um desafio para os produtores portugueses, uma vez que o aumento da temperatura no inverno tem causado uma floração antecipada, aumentando assim o risco de perda de produção com as geadas.

Perante este problema, os produtores nacionais “procuram cada vez mais variedades de floração mais tardia, mas mesmo essas florescem em março, ainda dentro do período de risco de geadas em Trás-os-Montes e parte da Beira Interior”, referiu o presidente do CNCFS.

Soma-se o facto de a primavera e o verão serem cada vez mais secos e quentes, afetando a produção de amêndoa em pomares de sequeiro.

Em 2022, Portugal exportou 28.786 toneladas de amêndoa com casca para Espanha e 2.993 toneladas sem casca.

A Alemanha, por seu turno, recebeu, no mesmo ano, 298 toneladas, seguindo-se França, com 142 toneladas de amêndoa sem casca.

Questionado sobre as perspetivas no que diz respeito à produção e exportação em 2024, Albino Bento notou ser ainda cedo, uma vez que a floração está a terminar no Alentejo, a começar em Trás-os-Montes e a Beira Interior encontra-se em floração.

A amendoeira é a árvore de fruto com a maior área plantada na União Europeia, contabilizando-se, em 2021, 881.000 hectares (dados do Eurostat), sendo que a maior parte das amendoeiras está em Espanha.

Espanha é o segundo maior exportador de amêndoas a nível mundial, atrás dos Estados Unidos, revelou a campanha “Amêndoa Sustentável da UE”, organizada pelo CNCFS e pela espanhola SAB-Almendrave.

Esta campanha centra-se em quatro mercados – Portugal, Espanha, Alemanha e França -, tendo por objetivo dar visibilidade às amêndoas europeias e aumentar a sua procura.

 

Lusa