Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com
EM JUNHO
Chegados aos prazerosos meses de Verão, são vários os festivais musicais a preencherem a agenda cultural deste tempo, oportuno e necessário para o repouso. A música torna-se uma verdadeira linguagem universal, que transcende fronteiras e une povos e culturas. Ela é linguagem e comunicação, que fala de identidades, manifestando a própria ordem cósmica e exprimindo a profundidade da existência. Ela possui a capacidade de comunicar emoções, transmitir mensagens e contar histórias, não necessitando sempre de palavras.
Na música, uma forma de expressão artística, as notas, ritmos, timbres, texturas e melodias se combinam em harmonia para formar uma linguagem própria, criando uma comunicação única e profunda. Ela é verdadeira e inefável arte, que evoca e desperta emoções, sentimentos, aviva memórias e cria profundos laços de relação, transforma, faz buscar o sentido da própria existência e desejar o Transcendente e inefável
. Sabemos como na nossa sociedade contemporânea, a música desempenha um papel fundamental como forma de expressão artística tanto individual quanto coletiva. Seja em corais, bandas, orquestras ou festivais, a música reúne indivíduos para fazerem brotar e acontecer algo maior do que eles mesmos, onde se revelam e manifestam. Não raro, a música na sua identidade simbólica e cultural proporciona uma experiência compartilhada que fortalece os laços sociais e estimula o sentimento de comunidade, representando valores, pensamento, identidades específicas.
Por isso mesmo, não surpreende que seja valorizada também pela Igreja: “A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da Liturgia solene. (…)
A música sacra será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à ação litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como fator de comunhão, quer como momento de maior solenidade nas funções sagradas” (SC 112). Existe uma íntima ligação entre a música e o culto, a Liturgia. Aquela desta depende e a ela serve. Por isso a música deve primeiro e fundamentalmente orientar para este louvor e adoração, para o Mistério, elevando o coração e a vida para Deus.
É a sua finalidade e sentido, a sua “função ministerial”. Na verdade, a música sacra constitui parte necessária e integrante da própria Liturgia. Não existe para si mesma, mas para a Liturgia, para dizer o Mistério aqui revelado.
O canto e a música desempenham a sua função de sinais. Deseja-se sempre que a música litúrgica não transmita apenas emoção e sentimento, mas exprima e conduza ao conhecimento e visão de Deus e às verdades eternas.
Seja sinal que eleve o visível ao invisível, carisma que contribua para a edificação de toda a comunidade e a manifestação do mistério da Igreja. Na música sacra a melodia, a harmonia e o ritmo contribuem para nos elevar numa verdadeira atitude de elevação, de louvor e adoração e assim restituem a profundidade e a altura, o silêncio e o canto que nos conduz ao Mistério.