Reciclagem de embalagens: é preciso um choque tecnológico para atingir as metas

10:50 - 12/07/2024 ECONOMIA
Dados do primeiro semestre de 2024
A performance atual não chega para as metas de 65% em 2025 e é fundamental evitar que se continue a enviar para aterro 31M€ de embalagens.
Ecopontos mais modernos e inovadores, com recurso a IA, devem ser prioridade para facilitar e incentivar a correta separação dos resíduos e tornar toda a cadeia de valor mais eficiente.
 
No primeiro semestre de 2024 foram recolhidas 226.985 toneladas de embalagens dos ecopontos nacionais, o que significa um aumento de 3% face ao período homólogo. Os dados mais recentes do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem (SIGRE) revelam que o país está com um ritmo insuficiente para conseguir cumprir a nova meta da reciclagem de embalagens estabelecida pela Europa. Em 2025, Portugal tem de estar a reciclar, pelo menos, 65% das embalagens colocadas no mercado.
 
O momento é crítico e é preciso, urgentemente, fazer crescer as taxas de reciclagem de embalagens, através da prestação de um serviço mais conveniente e eficaz aos cidadãos. A prioridade deve estar na alocação de investimento por forma a existir um choque tecnológico no setor que assegure infraestruturas de ecopontos mais modernos e inovadores, possibilitando soluções de incentivos e pay as you throw, em complemento aos outros sistemas existentes como a recolha porta a porta. 
 
Apostar mais nas novas tecnologias e no recurso à IA permite, por um lado, identificar embalagens e recompensar o comportamento dos cidadãos, e por outro, melhorar a triagem e otimizar toda a logística, incluindo as rotas da recolha destes resíduos, durante toda a operação. 
 
Recorde-se que há ainda um volume significativo de embalagens que vão parar aos aterros, por serem descartadas inadequadamente. Ou seja, estão a ser “enterrados”, ao ano, 31 milhões de euros de embalagens, sendo recursos valiosos que deveriam estar a reentrar nos processos produtivos, promovendo a economia circular. 
 
“Tem de existir, neste momento, um esforço adicional para que o país não entre em incumprimento. Neste contexto, o Governo desempenha um papel fundamental. Houve rapidez na tomada de decisão sobre as novas licenças às entidades gestoras, o que se aplaude, e a nossa expectativa é que se siga este ciclo no sentido de se implementar, com agilidade, o que é preciso no setor e apoie os cidadãos a serem mais participativos neste processo da reciclagem de embalagens. A SPV mantém a sua disponibilidade para continuar com o trabalho colaborativo e investir na modernização do setor para que este continue a ser um bom exemplo na gestão dos resíduos urbanos,” refere Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde. 
 
Na análise ao desempenho dos vários materiais de embalagens no SIGRE (primeiro semestre de 2024) verifica-se que o vidro continua a merecer particular preocupação, já que foram recolhidas 100.621 toneladas, o que significa uma estagnação em comparação com igual período de 2023 (0%). Mantém-se como o único material de embalagem a não cumprir a taxa de reciclagem nacional, sendo fundamental implementar soluções específicas para o vidro como o baldeamento assistido, para colocar nas proximidades de cafés, restaurantes e bares, onde são geradas as quantidades mais significativas destes resíduos urbanos facilitando a deposição deste material. 
 
É de assinalar, pela positiva, que foram encaminhadas para reciclagem 75.552 toneladas de papel/cartão (+6%), 4.449 toneladas de embalagens de cartão para alimentos líquidos (+7%), 41.601 toneladas de plástico (+6%) e 1.017 toneladas de alumínio (+22%).
 
Por: LPM Comunicação