O congresso final da Rede Europeia de Açoteias Criativas reúne até sexta-feira em Faro mais de 80 congressistas, discutindo o futuro do projeto, que juntou nove cidades europeias nos últimos quatro anos, disse fonte da organização.
Mais de 80 congressistas, 60% dos quais estrangeiros, estão até sexta-feira na capital algarvia para efetuar o balanço do projeto financiado pela Comissão Europeia, que visou explorar o potencial das açoteias ou telhados, abordar temas ligados à sustentabilidade urbana e planear os próximos passos dos parceiros envolvidos.
“Há a ideia de dar continuidade ao projeto e eventualmente formar uma entidade legal que o possa gerir no futuro, com uma base europeia, e a partir daí potenciar a colaboração, não só destes nove parceiros mas de outros mais que se possam juntar a esta atividade”, disse à Lusa o diretor de departamento de Cultura e Desenvolvimento Económico da Câmara de Faro, a única cidade portuguesa envolvida.
Bruno Inácio acrescentou que o congresso servirá “para cimentar e desenvolver essa ideia”, que seguirá as pisadas iniciais da Rede Europeia de Açoteias Criativas [European Creative Rooftop Network, na designação em inglês], um projeto inédito em torno do aproveitamento de açoteias e telhados planos, os chamados ‘rooftops’.
“O balanço é francamente positivo, porque, além do investimento global de 4 milhões de euros, ativámos muitas pessoas para além disso e foi possível aumentar o interesse nas nossas cidades para essas questões”, assinalou o dirigente municipal.
Durante estes quatro últimos anos, foram realizadas diversas atividades, que passaram pelo mapeamento de açoteias e telhados nas suas cidades, residências artísticas, comissões internacionais a artistas, diálogos com a comunidade para definição de políticas para ‘rooftops’ e projetos-piloto para testar o seu uso e potencial, entre outras ações.
Nove cidades, 98 artistas, 110 parcerias locais e internacionais, 160 colaborações públicas, cívicas e comunitárias e mais de 2 milhões de interações presenciais e ‘online’ foi o balanço de quatro anos, de 2020 a 2024, divulgado pela organização numa publicação associada ao congresso.
No caso de Faro, a ligação aos ‘rooftops’ arrancou com a candidatura a Capital Europeia de Cultura de 2027 – entretanto atribuída a Évora –, e incluiu a realização do Açoteia Faro Rooftop Festival, que arrancou em 2019 e vai para a sua quarta edição em 2025.
O diretor de departamento de Cultura e Desenvolvimento Económico da Câmara de Faro frisou que o interesse pelos ‘rooftops’ “está a aumentar” pela perceção de falta de espaço nas cidades e pela necessidade de transformar espaços subutilizados em sítios multifuncionais.
“Usarmos os ‘rooftops’ como espaços verdes parece-me fundamental. Hoje há soluções muito fáceis e práticas para fazer uma pequena horta num prédio que pode ser cuidada e alimentada pelos seus residentes. Não é nada de extraordinário”, apontou Bruno Inácio.
A construção de parques infantis e de áreas comunitárias para pessoas mais idosas são outras ideias elencadas para responder aos desafios climáticos e sociais que se avizinham nas próximas décadas, sublinhou.
A European Creative Rooftop Network juntou, nos últimos quatro anos, nove cidades de oito países: Amesterdão e Roterdão (Países Baixos), Antuérpia (Bélgica), Barcelona (Espanha), Belfast (Irlanda do Norte), Chemnitz (Alemanha), Faro, Gotemburgo (Suécia) e Nicósia (Chipre).
O projeto teve um orçamento de cerca de 4 milhões de euros, financiado em 50% pela Comissão Europeia, através do programa Europa Criativa, com a verba remanescente a ser assegurada pelos diferentes parceiros.
Lusa