Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com
Caríssimos esquilos, estimados irmãos,
Tenho-vos no pensamento nestes inícios de Outono. Não sois de grande porte, mas sois considerados trepadores natos. Vós nos chamais à atenção para a presença dos mais pequenos, humildes, por vezes, daqueles que nem nos apercebemos da sua presença ou desejamos ver. É esguio o vosso corpo, mas longas e musculosas as vossas patas traseiras permitindo-vos saltar para alcançar o que desejais. Quantas vezes nos ensinais quão importante é aprender o salto na aventura da vida, realizado com resiliência e coragem. E vencer as barreiras que obstruem o nosso caminhar com coragem e audácia. Os vossos dedos longos têm garras afiadas, que vos permitem poderdes agarrar-vos às arvores.
Mas nunca para subirdes ferindo. Típicas são as vossas orelhas em pé, a vossa capacidade de escuta e a vossa cauda longa e peluda, absolutamente essencial para o vosso estilo de vida, pois sem ela, não conseguiríeis saltar de galho em galho ou equilibrar-vos nos ramos das árvores. No inverno ela serve para vos aquecerdes e no verão é um chapéu de sol perfeito. Não é de espantar que o nome científico da vossa família seja “Sciuridae” expressão que deriva do latim e do grego, significando a “cauda que dá sombra”.
A maior parte das pessoas considera-vos animais tímidos, mas muito ágeis e extremamente fofinhos. No entanto, é importante não esquecer que sois também muito inteligentes. Ao lembrar-vos trago ao pensamento aquele velho ditado: “o que semeamos é o que colhemos”. Na verdade, não é comum saber-se de vós, que só encontrais 10% daquilo que escondeis e guardais. Quantas avelãs por vós esquecidas irão ser a fonte de novas árvores e plantas? Muitas vezes também nós perdemos ou não encontramos facilmente o que desejamos. E tantas outras nos perdemos ou ficamos a lamentar o que corre bem na vida dos outros. Muitas vezes apenas semeamos sem ver frutos. Mas vós nos ensinais que colheremos sempre do que semearmos e dermos. E que afinal é importante não ser preguiçoso, viver no desânimo e no pessimismo, acobardados à espera de colher o que não se semeia. Também isto é sabedoria evangélica. Deve constituir boa notícia nas nossas vidas. Mas podemos aprender convosco também a energia, a socialização. Vós não gostais da solidão e da indiferença e quanto isto é fundamental na construção duma vida mais saudável e feliz.
E não menos importante, é também aprender convosco a prudência, o equilíbrio, a saber valorizar fontes de recursos. Sem esquecermos a diversão, tão importante neste tempo em que já não brincamos reféns dos telemóveis e das máquinas. Vós usais a boca para conhecer e reconhecer coisas, nos lembrais e ensinais a importância da capacidade que devemos ter para nos expressarmos e conhecermos através da interação social com os outros. A comunicação eficaz com os outros é importante e necessária e devemos sempre ser respeitosos com aqueles que nos rodeiam. Neste tempo mais frio e sombrio sois únicos a transmitirdes a paixão e a vitalidade que devem constituir alimento para os desafios de cada jornada.