António Dores, antonio.humberto.dores@gmail.com
O estafermo não se cansava
Na boa acepção Castelhana
De se meter em trabalhos
Quando pescava no rio à cana
Lançava o fio com anzol
Na ponta uma minhoca minúscula
Hipotética palavra esdruxula e cusca
Que não consola ninguém
E como quem não quer, o estafermo
Piscava à esquerda e à direita
Fazendo sinais à espreita
Para que o peixe mordesse
Deitando a língua de fora
Como se isso trouxesse mais peixe
E depois da pescaria
Chegava a casa, cansado…
Dizendo à mulher que o esperava:
- Que Grande peixe apanhei…
- Tive de o deitar fora!
- Era peixe Gigante, peixe Rei
- Para que vivesse em Glória
O estafermo e o paspalho
Eram os melhores Amigos
Pescavam juntos às escondidas
Para afugentar os perigos
Um dizia:
- Picou agora…!!...
E o outro:
- O meu também!!
Era peixe Gato com rabo de fora
Não interessava a ninguém
Quem quer esse Bagre de Bigodes?
Só mesmo quem de peixe entende
Pois o estafermo e o paspalho
Pescavam apenas na mente
Imaginando aventuras
Que só um espantalho
Entende…!!...