Quase um quinto da população residente maior de idade tem empréstimo da casa. 307 municípios registaram agravamento.
Em 2022, havia em Portugal 1.638.064 mutuários com créditos para habitação permanente, o equivalente a 18,5% da população residente com 18 ou mais anos. Trata-se, de resto, de um ligeiro aumento face ao ano anterior (18,3%). Os dados divulgados esta quarta-feira (13 de novembro de 2023) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) permitem ainda concluir, por exemplo, que no ano em análise o valor mediano da taxa de esforço com crédito para habitação permanente dos mutuários foi 14,5%, sendo que em 307 dos 308 municípios do país verificou-se um aumento do valor mediano da taxa de esforço do crédito habitação permanente em relação a 2021 (12,8%).
Um quinto (18,5%) dos portugueses com crédito habitação
Segundo o INE, que faz uma espécie de raio-x ao negócio do crédito habitação em Portugal em 2022, quase um quinto (18,5%) da população residente com 18 ou mais anos em Portugal estava a pagar prestação da casa ao banco pelo empréstimo concedido para compra de habitação própria e permanente.
“Ao nível sub-regional, esta proporção era superior ao valor nacional em oito das 26 NUTS III do país, destacando-se a Península de Setúbal (24,1%) e a Região Autónoma dos Açores (20,4%) com os maiores valores”, refere o INE.
Os dados mostram ainda que 91 municípios tinham valores acima da referência nacional e em que em 59 destes municípios o número de mutuários com créditos habitação representava mais de um quinto da população residente com 18 ou mais anos. “Os valores mais elevados deste indicador verificavam-se sobretudo em municípios da Península de Setúbal, da Grande Lisboa, da Área Metropolitana do Porto, do interior da região do Alentejo e da Região Autónoma dos Açores, contrastando com os municípios do interior das regiões Norte e Centro e do Algarve, que apresentavam menores proporções de mutuários na população residente”, lê-se na nota do gabinete nacional de estatísticas.
Em 2022, indica o INE, o peso dos mutuários na população residente com 18 e mais anos variava entre 5,9% no município de Montalegre e 29% em Vila Franca de Xira.
Taxa de esforço a subir: cresce 1,7 pontos percentuais
No que diz respeito ao valor mediano da taxa de esforço do crédito para habitação permanente, foi de 14,5% em 2022, tendo aumentado 1,7 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2021.
O INE recorda, de resto, que o ano de 2022 foi “marcado por um contexto geopolítico e geoeconómico que se traduziu num aumento da inflação e, consequentemente, na subida das taxas de juro, nomeadamente das taxas de juro implícitas no crédito habitação”. Um cenário que atualmente não se verifica, estando as taxas Euribor – utilizadas em Portugal para efeitos de crédito habitação – a descer, na sequência da diminuição das taxas de juro diretoras por parte do Banco Central Europeu (BCE).
A verdade é que em 2022, frisa o instituto, a taxa de esforço da habitação foi superior à referência nacional em nove das 26 NUTS III do país, destacando-se o Algarve (16,5%) e o Tâmega e Sousa (15,3%) com valores acima dos 15%. Já o Baixo Alentejo foi a sub-região que registou a menor taxa de esforço do crédito para habitação permanente (12,8%).
O município de Lagos (18,3%) registou a taxa de esforço mais elevada do país. Em 307 dos 308 municípios do país verificou-se um aumento do valor mediano da taxa de esforço do crédito para habitação permanente em relação a 2021, a única exceção registou-se no município de Oleiros (-0,04 p.p.)
“Em relação a 2021, verificou-se um aumento do valor mediano da taxa de esforço em todas as sub-regiões NUTS III, destacando-se a Península de Setúbal (2,1 p.p.) e a Grande Lisboa (2,0 p.p.) com os maiores aumentos. Em 116 municípios, localizados sobretudo nas regiões Norte, Grande Lisboa, Península de Setúbal e Algarve, verificaram-se valores medianos da taxa de esforço do crédito para habitação permanente superiores ao valor nacional. O município de Lagos (18,3%) registou a taxa de esforço mais elevada do país. Em 307 dos 308 municípios do país verificou-se um aumento do valor mediano da taxa de esforço do crédito para habitação permanente em relação a 2021, a única exceção registou-se no município de Oleiros (-0,04 p.p.)”, observa o INE.
Taxa de esforço Vs rendimentos
O instituto dá ainda nota que os 20% dos mutuários com taxas de esforço mais elevadas (decil 8) utilizavam quase um 1/4 (24%) do rendimento para fazer face às prestações do empréstimo concedido pelo banco para comprar casa. Um valor que aumenta para 32,4% ou mais considerando os 10% dos mutuários com taxas de esforço mais elevadas (decil 9). “Em 2021, o valor do decil 8 e 9 da taxa de esforço do crédito para habitação permanente foi de 21,0% e 28,5%, respetivamente”, adianta.
“Ao nível sub-regional, em 2022, o valor do decil 9 da taxa de esforço do crédito para habitação permanente variava entre 27,9% no Alto Alentejo e 37,9% no Algarve. Para além do Algarve, na Grande Lisboa (34,5%) e no Alto Tâmega e Barroso (34,2%), as prestações de crédito para habitação dos 10% dos mutuários com maiores taxas de esforço representavam mais de 34% dos seus rendimentos”, sublinha o INE.
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