Jean Carlos Vieira Santos | svcjean@yahoo.com.br
Na manhã de um domingo de outono, juntamente com uma amiga, caminhámos do Rossio ao Cais do Sodré, em Lisboa. Às vezes havia sol, outras vezes chuva, e o destino era Cascais — e lá chegámos. No entanto, o objetivo destas linhas não é apresentar uma narrativa desse interessantíssimo percurso ao longo das margens do rio Tejo, mas sim trazer o olhar de um turista sobre a famosa região portuária lisboeta, conhecida pela sua intensa vida noturna.
Estar naquela paragem pela manhã foi um momento de reflexão e gratidão, em que olhei para a cidade, reconheci as boas sensações vividas e o caminho percorrido, com histórias por contar. Observei também a viagem e senti o privilégio de estar num local da capital de Portugal, onde cada espaço visitado, simples ou não, enche o coração de alegria e torna o caminho, chamada “vida”, ainda mais especial e memorável!
Ao acedermos à plataforma de embarque da estação ferroviária do Cais do Sodré, à nossa direita havia uma livraria onde foi inevitável — e impossível — não espreitar, já que ainda tínhamos algum tempo; afinal, a partida para Cascais não seria imediata. Assim, olhámos, folheámos e adquirimos obras como Poeta do Povo, de António Aleixo; A Bagagem do Viajante, de José Saramago; O Destino Turístico Arade, de João Albino Silva; e Rota dos Cafés com História de Portugal, com um circuito turístico no qual o Café Calcinha se destaca como um espaço de tertúlia na história louletana.
Prontos para deixarmos o ambiente comercial e cultural, a minha amiga encostou-se a uma pequena estante próxima da porta de saída, fazendo com que todas as obras caíssem aos nossos pés. Pedimos imensas desculpas, gentilmente aceites e, para nossa surpresa, esse pequeno incidente proporcionou-nos o encontro com o exemplar As Músicas do Fado, de Ruben de Carvalho, cuja primeira edição foi publicada em 1994 e que, hoje, também enriquece a minha biblioteca pessoal.
Essa obra, para ter, ler e recordar o encontro com o fado no Cais do Sodré, caiu literalmente aos nossos pés! Por fim, embarcámos no comboio e partimos rumo à terra do fadista Manuel Nascimento Machado da Silva.