Foram recentemente publicados, na revista científica Signal Transduction and Targeted Therapy, os resultados de um ensaio clínico, realizado na China

Neste ensaio clínico participaram 18 doentes hospitalizados com COVID-19 moderada e severa, tendo nove doentes sido incluídos no grupo de tratamento, ao qual foram administradas três infusões de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical, e os restantes nove foram alocados ao grupo controlo, que não recebeu células.

Ambos os grupos apresentavam uma distribuição homogénea em termos de género, idade e características clínicas e todos os participantes receberam tratamento standard para a COVID-19.

 Não foram registadas reações adversas graves decorrentes da infusão de células estaminais do cordão umbilical e todos os participantes do estudo recuperaram da infeção e tiveram alta durante o período de seguimento, não se tendo observado diferenças na duração da hospitalização entre os doentes dos dois grupos.

 No grupo controlo, cinco doentes sentiram falta de ar e quatro necessitaram de ventilação mecânica, enquanto que no grupo de tratamento, apenas um doente apresentou este sintoma e necessitou deste tipo de apoio respiratório.

 O estudo incluiu, ainda, a monitorização dos níveis de interleucina-6 (IL-6) no sangue, uma molécula pró-inflamatória associada à progressão da COVID-19 para estados graves.

 Em quatro doentes do grupo de tratamento com valores de IL-6 inicialmente elevados, verificou-se uma diminuição neste parâmetro, três dias após o tratamento, que se manteve estável nos quatro dias seguintes.

O doente com valor de IL-6 inicial mais elevado foi também o que registou a diminuição mais acentuada, sugerindo que esta possa ser a população de doentes com maior potencial para beneficiar desta terapia.

 Segundo Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “é urgente encontrar soluções eficazes para controlar a atividade do sistema imunitário em doentes que apresentem sobreativação do sistema imunitário, chamada tempestade de citocinas, devido à COVID-19”.

Relativamente ao ensaio clínico, a investigadora acrescenta ainda que «embora o número de participantes não permita retirar conclusões relativamente à eficácia, foi demonstrada a segurança da administração de células estaminais do tecido do cordão umbilical e esta terapêutica esteve associada a uma menor incidência de complicações respiratórias nestes doentes».

Os resultados favoráveis obtidos neste ensaio de fase 1 motivaram o início de um ensaio clínico de fase 2/3, envolvendo 90 doentes e múltiplos centros de tratamento.

Outros ensaios clínicos encontram-se atualmente em curso para avaliar a eficácia da utilização de células estaminais mesenquimais no tratamento de COVID-19 grave e o seu uso compassivo foi já aprovado pela agência reguladora americana FDA.

Nove meses após os primeiros casos de COVID-19, foram já registados mais de 37 milhões de casos e mais de um milhão de mortes.

Apesar de um número significativo de infetados permanecer assintomático ou apresentar sintomas ligeiros, muitos desenvolvem doença grave, que se manifesta através de insuficiência respiratória e cardíaca, frequentemente acompanhada de uma sobreativação do sistema imunitário, com elevação dos níveis de moléculas próinflamatórias.

 

Por: Atrevia