O Município de Loulé manifesta publicamente o seu mais profundo pesar pelo falecimento de Margarida Guia, atriz, performer e criadora sonora franco-portuguesa com raízes em Alte.

Com apenas 48 anos de idade, a atriz faleceu na passada segunda-feira, na Bélgica, país onde residia desde 2007, deixando uma carreira internacional assinalável, em particular no mundo francófono.

Margarida Guia nasceu no norte da França em 1972, mas os seus pais eram naturais de Santa Margarida, Alte, concelho de Loulé. Subiu ao palco pela primeira vez como atriz com apenas 11 anos de idade. O público franco-português descobriu-a em duas participações no então Festival de Teatro Português em França.

Depois de ter trabalhado com vários encenadores, coreógrafos, músicos, artistas plásticos, realizadores, descobriu o universo da música improvisada e começou a utilizar a voz como um instrumento. Era uma escultora das palavras, da poesia e dos sons. Criou peças sonoras para teatro, dança, rádio, cinema e outros suportes multimédia.

Para cinema criou a banda sonora de “Viva Dada” e “Entre deux sexes”, de Régine Abadia (2016, 2017, e “Le Pavillon des douze”, de Claude François (2017). Para rádio, é autora de “Crimen amoris”, de Caroline Lamarche (RTBF radio, 2015), e “Mystiques 13-21”, de Céline Tertre (Prémio Jovem Talento Scam 2011, RTBF radio 2010).

Dinamizou projetos ligados à leitura como a biblioteca ambulante “Bibliambule”, em 2002, ou a “Dînette”, em 2012, convidando o público a sentar-se à mesa com auscultadores para uma “aventura audiopoética”. Também animou ateliers de corpo e voz e participou em colóquios sobre leitura em voz alta.

Em 2013 dirigiu a peça “Kantata de Algibeira” de Régine Guimarães, em colaboração com o compositor e pianista português João Paulo Esteves da Silva, no Centro Mário Dionísio, em Lisboa. A peça subiu ao palco do Teatro S. Luís.

Por ocasião dos 40 anos da Revolução dos Cravos, em 2014, realizou uma instalação com o artista Philippe Martini, intitulada “J’ai la tête figée entre la nuit et l’aurore”, no Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra, que passou por Tourcoing, Roubaix, Paris, Oloron Ste Marie, Biarritz, Lille, Villeneuve-d’Ascq, antes de chegar a Lisboa e a Coimbra.

Enquanto encenadora, destacam-se as suas peças: “Le Jour se lève”, onde também assina o texto (La Maison Folie, Villeneuve d’Ascq, 2005), “Ruidos da Cidade”, a partir de artigos de imprensa (Abril em Maio, Lisboa, 2004), e “Para rir em sociedade” a partir da obra de Prévert (Abril em Maio, Lisboa, 2003).

A Câmara Municipal de Loulé deixa as suas condolências à família enlutada.