André Magrinho, Professor universitário, doutorado em gestão | andre.magrinho54@gmail.com

Depois de uma quebra histórica 8,4% do PIB em 2020, a maior desde 1954, e de uma recuperação de 4,8 % em 2021, o BP-Banco de Portugal avança com uma previsão de crescimento bem mais robusta, de 5,8 % do PIB, para 2022. São perspetivas animadoras, mas com fatores de incerteza significativos em relação aos seus pressupostos. O maior risco prende-se com o controlo da crise sanitária, pressupondo o BP, que a partir do primeiro trimestre de 2022, se entrará numa trajetória de retoma sustentada dos fluxos de turismo relacionados com os nossos principais mercados emissores, incluindo também o turismo de negócios. O BP prevê que sejam as exportações de serviços, onde o turismo é determinante, a explicarem uma boa parte do crescimento de 5,8 % para a economia em 2022. É com base no crescimento de 35,1% das exportações de serviços que está sustentada a referida previsão, explicando as vendas de serviços três pontos percentuais desse crescimento de 5,8% para a economia.

É um valor superior ao contributo esperado do investimento, que deverá ser da ordem dos 0,6 pontos percentuais, mesmo com o impulso esperado do PRR-Plano de Recuperação e Resiliência e de outros fundos comunitários. Também o consumo privado que foi responsável por cerca de 44% do crescimento do PIB no ano corrente, dará um contributo de 1,8 pontos percentuais (no computo dos 5,8 % do crescimento previsto), isto é, inferior a um terço da aceleração esperada.

Finalmente, as exportações que já deram um contributo expressivo para o crescimento do PIB em 2021, de 1,1 pontos percentuais, deverão acrescentar duas décimas ao crescimento esperado para 2022.

Na verdade, o comércio externo, e particularmente as exportações, vão continuar muito condicionadas pelas perturbações que continuarão a fazer-se sentir ao longo de 2022, nas cadeias globais de abastecimento e mesmo por algumas políticas de carácter mais protecionista que possam vir a fazer-se sentir nalgumas economias. Para a concretização destas previsões, importa que a pandemia seja controlada não só a nível nacional, mas também a nível internacional. É possível que tenhamos disponíveis uma nova geração de vacinas e novos fármacos ao longo de 2022, o que a verificar-se, permitirão uma melhor gestão e controlo da crise sanitária.