A chuva caída em Faro na passada sexta-feira, dia 5, provocou inundações e derrocadas em Faro e veio mostrar que esta cidade não está defendida contra estas intempéries. O sistema de escoamento das águas pluviais de Faro é insuficiente e temos edifícios que não suportam chuvas mais fortes.

Como no Algarve chove pouco, mas tem períodos de chuvadas intensas, devíamos estar preparados para estes fenómenos. A crescente impermeabilização do solo urbano e a falta de infraestruturas para o escoamento das águas deve ser atribuída aos vários executivos municipais que têm gerido mal a cidade. É o resultado direto da “política do betão” que caracterizou o crescimento de Faro. Acresce que o escoamento das águas pluviais é uma obra pouco visível que não dá os votos das iluminações de Natal ou dos toldos no Verão. É, porém, fundamental para a vida dos cidadãos.

Este problema agravar-se-á com os previsíveis efeitos das alterações climáticas, em particular, a subida do nível do mar que dificultará o escoamento das águas e o aumento de frequência e intensidade dos fenómenos meteorológicos extremos como as chuvadas e ventanias. Se se insistir no desprezo pelo conhecimento científico, se na recusa da interpretação destes sinais, se não começarmos agora a tomar medidas o futuro cobrará.

É preciso atuar em dois campos. Por um lado, minimizar os caudais, revertendo a impermeabilização do solo com a criação de espaços verdes por toda a cidade. Por outro, repensar - e redimensionar - a rede de esgotos pluviais procurando recuperar os leitos das antigas ribeiras que foram transformados em vias urbanas.

Quanto ao edificado, não basta a construção antissísmica e de eficiência energética. Será necessário ser mais exigente no escoamento das águas pluviais dos terraços e coberturas e, também, garantir a sua resistência aos ventos fortes.

Não podemos descurar, pois é o futuro da cidade que está em jogo.

 

Por: Bloco de Esquerda de Faro