Há cerca de um ano, quando começou a pandemia, que se fala na tal bazuca de muitos milhões de euros, os quais viriam inundar o país para combater a crise.

Uma coisa é certa: já se passou um ano, a crise alastra e agrava-se cada vez mais e nem um cêntimo chegou ainda ao país. Os eurocratas,  as instituições europeias, pelos vistos, não estão preocupadas com a crise que castiga sempre os mais débeis e necessitados.

A pandemia pôs a descoberto as debilidades do país e, muito em particular, regiões como o Algarve que vive quase exclusivamente do turismo. É a região onde o desemprego mais aumentou – já são mais de 35 mil desempregados e há milhares de micro e pequenas empresas que irão à falência, aumentando ainda mais as pessoas sem trabalho, se não forem devidamente apoiadas.

O governo anunciou um plano de recuperação para o Algarve, mas ainda não passou do papel. Há que apoiar, com urgência, os trabalhadores, famílias e empresas. Há que aproveitar o momento para fazer os investimentos que o Algarve necessita, nomeadamente para a modernização dos serviços públicos, a construção do novo Hospital Central, o combate à desertificação e à interioridade regional, os apoios para a pequena produção agrícola e para a modernização da frota pesqueira e das suas infraestruturas, a aposta nas energias renováveis e nas novas tecnologias, uma melhor mobilidade, a concretização do plano de eficiência hídrica para fazer face à falta de água e às alterações climáticas, etc.

Fala-se e escreve-se muito sobre os muitos milhões de euros que virão para o Algarve, no âmbito do Plano Regional Operacional, do Plano de Recuperação e Resiliência, do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha/Portugal e de outros planos, mas nada chegou ainda à região. Qual o montante e quando chegarão tais verbas ao Algarve? Que setores irão ser apoiados? Todas estas questões foram colocadas ao ministro do Planeamento nesta quarta-feira, em audição na Assembleia da República, pelo deputado João Vasconcelos, eleito pelo Algarve, do Bloco de Esquerda.

Às questões colocadas, o ministro pouco adiantou, dizendo o que já se sabia – que no âmbito dos fundos estruturais o Algarve iria receber uma verba adicional de 300 milhões de euros, conseguida em reunião do Conselho Europeu onde se negociou o Plano de Recuperação e Resiliência. Nada se sabe quando chegarão estes fundos – que serão muito insuficientes – e quais os setores e atividades a apoiar. Enquanto isto o Algarve, os seus trabalhadores, famílias, empresas, populações, vão morrendo lentamente, mergulhados numa brutal crise económica e social e que ainda não bateu totalmente no fundo. As consequências serão catastróficas e devastadores se o governo não atuar de forma rápida e adequada.

 

O Secretariado do Bloco de Esquerda/Algarve