A Câmara de Vila Real de Santo António vai apostar numa «mudança de atitude» e ter por base a «transparência» após a detenção por suspeitas de corrupção e renúncia da presidente, Conceição Cabrita, e a sua substituição por Luís Romão.

O anterior vice-presidente, Luís Romão, assumiu a presidência após a renúncia imediata de Conceição Cabrita (PSD), que é suspeita de corrupção passiva de titular de cargo político e de prevaricação de titular de cargo político e está proibida de permanecer nas instalações e de contactar os serviços da autarquia.

A autarca, que saiu em liberdade, ficou também proibida de manter contactos diretos e indiretos com os demais arguidos no processo, nomeadamente, o deputado António Ribeiro Gameiro (PS), assim como com funcionários e representantes da Sociedade Saint Germain, empresa que comprou o terreno em Monte Gordo cuja venda está na base da investigação das autoridades.

O presidente do município, Luís Romão, tem agora como vice-presidente Rui Pires, que já ocupava a vereação com Carla Sabino Viegas, e a maioria social democrata fica completa com a incorporação de Ana Paula Mendonça, que se junta agora ao executivo camarário, lê-se num comunicado do município.

Os restantes eleitos, pertencentes aos partidos da oposição, são António Murta e Ana Cristina Mira (ambos do PS) e Álvaro Leal (CDU), que continuam como vereadores sem pelouros atribuídos, acrescenta a nota daquela autarquia do distrito de Faro.

Na mesma nota, os eleitos com pelouros consideraram que, “face aos inesperados e impactantes acontecimentos verificados na última semana” e conduziram à renúncia da ex-presidente, é preciso “refletir, reorganizar e planificar” para, “no momento em que as emoções ainda estão abaladas”, dar “espaço ao racionalismo e à ação”.

“O novo executivo está unido e coeso, assegurando as rédeas deste município até às próximas eleições, de modo a não comprometer ainda mais as atividades e as responsabilidades municipais”, garantiu a autarquia no comunicado assinado pelos vereadores do PSD, que proclamaram ter “como base a verdade e a transparência”.

Os eleitos com pelouros manifestaram ainda a crença de que, “de forma digna, empenhada e responsável”, será possível no “curto espaço de tempo”, até às próximas eleições autárquicas, “proceder a uma nova ação política, que beneficie acima de tudo o município e o bem público”, com uma “mudança de atitude e da forma de estar”.

“Este executivo, que não pretende participar ativamente nas próximas eleições autárquicas, está ciente da sua atuação, a fim de contribuir para a melhoria da imagem de um município, que neste momento precisa de mudar radicalmente os seus comportamentos e ações e que, para isso, precisa da ajuda inestimável de todos”, referiram ainda os eleitos a tempo inteiro.

A mesma fonte assegurou que, com “esforço e trabalho, em conjunto com o empenho e dedicação às atividades laborais e aos fins municipais”, vai ser possível “levar a bom porto este propósito”.

“Apesar das grandes dificuldades e inúmeros problemas com que nos iremos deparar, é neste sentido que este executivo pretende trabalhar, em equipa, de forma inclusiva e, acima de tudo, com verdade, rigor, transparência e muita responsabilidade”, referiram ainda os eleitos do PSD.

A “Operação Triângulo”, que levou à detenção da presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, assim como de outras três pessoas, tem um total de oito arguidos, entre os quais uma pessoa coletiva.

O negócio imobiliário que esteve na origem das quatro detenções, na terça-feira, envolveu a venda de um terreno em Monte Gordo por 5,6 milhões de euros, aprovada em Assembleia Municipal no dia 03 de abril de 2020.

 

Por: Lusa