O mecanismo internacional de partilha de vacinas para a covid-19 COVAX tem prevista a entrega de mais de 1,2 milhões das cerca de 2,4 milhões de doses doadas por Portugal e que ainda não foram encaminhadas para países recetores.

O presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), que co-lidera o mecanismo COVAX, José Manuel Durão Barroso, disse à agência Lusa que já foram entregues 658.700 doses de vacinas doadas por Portugal da marca AstraZeneca, de fabrico britânico, 360 mil das quais foram entregues ao Egito e 298.700 ao Senegal.

O COVAX tem já agendada para 11 deste mês a entrega de 453.600 doses de vacinas disponibilizadas por Portugal a Angola, país que deverá receber no total 931.200 doses de doação portuguesa.

"Num futuro próximo", serão encaminhadas 165.000 doses para a Etiópia, 159.120 para o Vietname e 14.400 para Vanuatu, referiu.

A GAVI assinala que "a qualidade das doações tem sido um problema no passado com doações de vários países", assinala o ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, remetendo para uma declaração conjunta do organismo a que preside, do African Vaccine Acquisition Trust e de Centros de Prevenção e Controlo de Doenças africanos, em que se queixavam da doação de doses com curta vida útil e ritmos de fornecimento imprevisíveis.

"Isso coloca uma pressão enorme nos sistemas de saúde, que não podem ficar 'em espera' para entregas enquanto continuam a fornecer todos os outros serviços vitais que as pessoas precisam", destacou.

Durão Barroso garantiu que graças aos apelos da GAVI se têm conseguido "doações de maior qualidade" e de forma mais previsível: "há meses, pedimos aos fabricantes que sejam mais transparentes sobre quando disponibilizarão as doses e pedimos aos governos doadores que nos façam doações maiores e mais previsíveis".

"Enquanto grandes porções da população mundial não forem vacinadas, as variantes continuarão a aparecer e a pandemia continuará a prolongar-se", destacou o responsável da GAVI, notando que é preciso "saber mais" sobre a variante Omicron, descoberta na África do Sul e Botswana, países que elogiou pelo "trabalho de deteção e transparência", dando ao mundo "tempo crítico para preparar e estabelecer vigilância" para a Omicron.

José Manuel Durão Barroso defendeu que "os fabricantes e doadores precisam dar visibilidade aos países para implementarem os programas de vacinação contra a covid-19 em larga escala", intimando também os países recetores a utilizarem "todos os recursos disponíveis para garantir que as vacinas cheguem a quem mais necessita".

"Só impediremos o surgimento de variantes se formos capazes de proteger toda a população mundial, não apenas os países ricos. O mundo precisa trabalhar em conjunto, para garantir o acesso equitativo às vacinas, agora", salientou.

A covid-19 provocou pelo menos 5.233.111 mortes em todo o mundo, entre mais de 263,61 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.492 pessoas e foram contabilizados 1.157.352 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como “preocupante” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em cerca de 30 países de todos os continentes, incluindo Portugal.