A incidência de novos casos de covid-19 em Portugal regista uma tendência «ligeiramente crescente a estável», com a velocidade de aumento «a diminuir«, adiantou hoje o diretor de serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo a intervenção de André Peralta Santos já se nota uma estabilização no número de novos casos, apesar de existir ainda uma “tendência crescente dos internamentos e mortalidade” por covid-19.

A afirmação de André Peralta Santos surgiu na reunião no Infarmed, em Lisboa, que volta, dois meses depois, a juntar especialistas, membros do Governo, Presidente da Assembleia da República e Presidente da República para análise da situação epidemiológica do país.

“Desde meados de maio iniciámos um período de expansão da pandemia e estamos neste momento com uma incidência superior a 400 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, com uma média diária de 3.000 casos. A velocidade tem vindo a diminuir e a tendência é ligeiramente crescente a estável”, explicou.

Em termos regionais, o especialista da DGS notou que “a maioria do território tem uma incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes, com focos de maior incidência na área metropolitana de Porto, Lisboa e Algarve”, embora nas duas últimas áreas se evidencie já “uma tendência de estabilização ou descida” dos casos.

Quanto ao Porto, André Peralta Santos observou que o aumento de incidência começou posteriormente em relação a Lisboa e ao Algarve, pelo que “ainda há mais zonas com tendência de crescimento” de casos.

Sobre a situação ao nível dos internamentos em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos (UCI), regista-se uma “tendência crescente” desde o início de junho, com uma taxa de ocupação de 78% em UCI do valor de referência de 255 camas definido pelos especialistas.

“É muito notória a redução de risco de hospitalização - mais de três vezes - se estiver vacinado”, sublinhou André Peralta Santos, reforçando que, em relação à semana 26 do ano, 68% dos doentes internados em enfermaria não estavam vacinados, 30% tinham a vacinação incompleta e apenas 2% apresentavam vacinação completa. Já em UCI, estes dados eram de 68% sem vacinação, 27% com a vacinação incompleta e 5% com o esquema vacinal completo.

O padrão de crescimento é comum a todas as faixas etárias, com predominância dos 20-79 em termos de ocupação em enfermaria e dos 40-59 em UCI, segundo André Peralta Santos, que relevou um aumento nas populações mais idosas, cujo impacto é “atenuado pela vacinação”.

“A mortalidade tem também observado uma tendência crescente, se bem que muito diferente daquilo que já foi”, indicou o perito da DGS, notando que está “já acima do limiar de referência do ECDC [Centro Europeu para o Controlo de Doenças] de 10 mortos por milhão de habitantes. No entanto, “vacinação completa reduz muito o risco de morte se a pessoa se vier a infetar com o SARS-CoV-2”, concluiu.

A taxa de positividade é atualmente de 5,2%, registando-se um aumento de testagem na população dos 15 aos 40 anos e uma diminuição na população dos 45 aos 70 anos, uma situação que está igualmente associada ao ritmo do processo de vacinação.