Os valores faturados em Portugal caíram 14,3% entre março e dezembro de 2020 face ao mesmo período de 2019, penalizados pela pandemia, registando-se as maiores quebras no Algarve, Madeira e Área Metropolitana de Lisboa, informou hoje o INE.

“Entre março e dezembro de 2020 verificou-se em Portugal uma redução homóloga de 14,3% no valor da faturação, destacando-se, com valores superiores à média nacional, o Algarve (-27,4%), a Região Autónoma da Madeira (-21,6%) e a Área Metropolitana de Lisboa (-18,2%)”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) numa análise à atividade económica regional no contexto da pandemia de covid-19, tendo por base dados do sistema E-fatura.

Segundo o INE, em Portugal e em todas as regiões NUTS II, esta contração foi mais acentuada (-18,9% em Portugal) de março a julho, período que abrangeu a fase de confinamento associado aos primeiros estados de emergência, do que no período de agosto a dezembro (-9,8%), em que se registou uma melhoria.

O Algarve, apesar de ter sido a região do país com taxas de variação homóloga do valor de faturação mais baixas nos dois períodos de cinco meses em análise, destaca-se por ter sido também a região onde ocorreu a maior recuperação entre estes dois períodos: -35,8% entre março a julho e -19,1% entre agosto a dezembro, correspondendo a uma diminuição de 16,7 pontos percentuais.

De salientar também que mais de 70% da diminuição registada em Portugal de março a dezembro de 2020 deveu-se à redução do valor de faturação nas áreas metropolitanas de Lisboa (AML) e do Porto (AMP).

Da análise do INE resulta ainda que, de março a dezembro de 2020, os valores de faturação das ‘atividades de alojamento’ e das ‘atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas’ representaram menos de metade do valor faturado no mesmo período de 2019, com quebras de 66,5% e de 50,6%, respetivamente.

Com uma redução do volume de faturação superior a 40% destacavam-se ainda as ‘atividades de restauração e similares’ (-42,5%).

Numa análise regional, verifica-se que, em 21 das 25 NUTS III, as ‘atividades de alojamento’ também foram o ramo com maior contração homóloga de faturação, destacando-se, com diminuições superiores a -70%, os Açores (-74,7%), a Área Metropolitana do Porto (-74,5%), a Madeira (-73,3%), o Médio Tejo (-72,5%) e a Área Metropolitana de Lisboa (-72,4%).

Os dados do INE apontam que, nas sub-regiões NUTS III com maior contração homóloga do valor de faturação – Algarve e Região Autónoma da Madeira –, as ‘atividades de alojamento’ foram as que mais contribuíram, representando mais de um quarto dessa diminuição.

Já em 14 das 25 NUTS III do país, as ‘atividades industriais’ foram as que mais contribuíram para a diminuição homóloga regional do valor faturado, destacando-se nove sub-regiões onde mais de metade da quebra homóloga do valor global faturado da região resultou da contração da indústria: Ave (-5,6 pontos percentuais de -7,2%), Alentejo Litoral (-12,3 pontos de -17,4%), Aveiro (-8,0 pontos de -11,6%), Viseu e Dão Lafões (-4,3 pontos de -7,0%), Tâmega e Sousa (-5,2 pontos de -9,0%), Alto Minho (-5,6 pontos de -10,2%), Beira Baixa (-2,7 pontos de -5,1%), Cávado (-4,4 pontos de -8,6%) e Beiras e Serras da Estrela (-4,1 pontos de -8,1%).

No período em análise, o INE aponta seis sub-regiões do Norte do país – Ave, Tâmega e Sousa, Cávado, Área Metropolitana do Porto, Alto Tâmega e Trás-os-Montes – como tendo apresentado “o desempenho do valor de faturação menos negativo no contexto da pandemia”, o que sugere que “o efeito da pandemia não se fez sentir com tanta intensidade na diminuição do valor faturado nestas sub-regiões”.

Segundo o instituto estatístico, relacionando a taxa de variação homóloga da faturação entre março e dezembro de 2020 com o número de casos confirmados de covid-19 por 100 mil habitantes ao nível das sub-regiões NUTS III, apenas estas seis sub-regiões, todas da região Norte, “apresentaram simultaneamente um número de casos confirmados por 100 mil habitantes superior ao valor do país e uma redução do valor faturado inferior à do país”.

No polo oposto, Algarve, Região Autónoma da Madeira, Alentejo Litoral e AML apresentaram um número de casos confirmados abaixo da média do país, mas uma contração do valor faturado relativamente mais acentuada.

 

Por: Lusa