As autoridades mantêm hoje a vigilância ao incêndio deste fim de semana em Portimão e Monchique, com cerca de 2.000 hectares ardidos, e os municípios estão no terreno a fazer o levantamento dos prejuízos e dos apoios necessários.

O comandante de operações no terreno disse à Lusa que se mantém um dispositivo “adequado para a situação de vigilância, com 235 operacionais e 80 veículos”, estando em curso o plano de desmobilização, mas com permanência no local “nos próximos dias”.

Rui Lopes informou que durante a noite “não houve ocorrências a registar”, em resultado da uma humidade elevada que “facilitou o trabalho dos bombeiros”, e não há quaisquer registos de reacendimentos no dia de hoje.

Questionado sobre as preocupações para este verão, o comandante reconheceu que as dezenas de toneladas de madeira queimada ainda no terreno resultantes do incêndio de 2018 “não deixam de ser” uma preocupação, mas referiu tratar-se de “mais uma condicionante” à qual se procurará “dar reposta caso aconteça mais alguma situação” de fogo.

O incêndio rural começou no sábado em Monchique e passou para o concelho de Portimão (ambos no distrito de Faro, no Algarve), tendo sido dominado e depois extinto no domingo.

O balanço aponta para cerca de 2.000 hectares (ha) ardidos: 1.478 ha no concelho de Portimão e 656 ha no de Monchique.

No caso de Portimão, a presidente da Câmara revelou à Lusa que hoje às 16:00 irá para o terreno uma equipa da autarquia e da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve fazer o levantamento dos prejuízos.

“Vamos diretamente ao terreno falar com as pessoas, ver os prejuízo que têm, saber o que é que a DRAP pode pagar e aquilo que não conseguir a Câmara criará um fundo para o poder fazer”, notou.

Isilda Gomes realçou que se procura fazer um trabalho “mais direto e mais prático” – haverá reuniões com as populações para “saber o que lhes falta”, e o diretor da DRAP Algarve e a autarca podem esclarecer logo os apoios cada um poderá dar.

Com os incêndios rurais a serem uma “enorme preocupação”, resultando em grande parte da “incúrias de cidadãos menos cuidadosos”, a governante destacou a aposta da autarquia na prevenção, nomeadamente na criação de faixas de contenção, notando que uma das frentes “parou numa dessas faixas”.

O presidente da Câmara de Monchique esteve esta manhã no terreno com uma equipa de técnicos e assistentes sociais para “ver a necessidade de apoio às populações e fazer um levantamento mais exaustivo do que foi feito inicialmente” da área ardida, tendo confirmado que “não houve nenhuma construção ardida”, à exceção de um pequena anexo.

Rui André destacou que hoje às 18:30 a Câmara vai organizar uma reunião no Autódromo Internacional do Algarve com o diretor da DRAP Algarve e os proprietários afetados, à qual se segue uma vista às zonas ardidas.

O autarca avançou que os 656 ha ardidos em Monchique se dividem em 271 de mato, 163 de eucalipto, 130 de sobreiro, 33 de pastagens permanentes, 25 de pinheiro manso, 15 de agricultura, quatro de pomares e 15 com outros usos.

Com a experiência de outros incêndios, Rui André desafiou o Governo a criar um mecanismo “mais simples e mais direto para ajudar a pessoas”, mostrando-se disponível para “coordenar e ajudar no local” e fazer com que esta ajuda “chegue rapidamente às pessoas”.

Em 2018, referiu, o aviso de apoios criado pelo Governo foi de tal forma burocrático que até ao final do prazo “ninguém apresentou uma candidatura em Monchique”.

A Câmara contratou então uma empresa para elaborar as candidaturas, mas queixou-se de que a “burocracia criada” fez com que "mais de metade caísse por terra”.