Juros têm vindo a acompanhar subida das taxas Euribor, diz BdP. Até porque 83% dos novos créditos habitação são de taxa variável.

A subida da Euribor mês após mês tem-se refletido – e muito – nos bolsos das famílias portuguesas, já que a maioria dos contratos de crédito habitação continuam a ser de taxa variável e indexados a esta taxa de referência. É por isso mesmo que a taxa de juro média dos novos empréstimos habitação tem assumido uma trajetória ascendente: passou de 2,23% em setembro, para 2,86% em outubro, dando assim o maior salto de sempre num só mês (+0,63 pontos percentuais), sublinha o Banco de Portugal (BdP). Esta é a maior taxa de juro média desde 2015.

“A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação subiu para 2,86% (2,23% em setembro), o valor mais elevado desde janeiro de 2015. Trata-se da maior subida mensal desde o início da série estatística, em 2003”, refere o regulador liderado por Mário Centeno na nota publicada esta sexta-feira, dia 2 de dezembro.

Esta evolução dos juros médios nos novos créditos da casa tem vindo a acompanhar a subida das taxas médias da Euribor, até porque em outubro 83% do montante dos novos empréstimos para habitação própria permanente foram concedidos a taxa variável. Só 7% dos novos créditos habitação fixaram a taxa de juro. E 9% escolheu a taxa de juro mista (contratos de crédito que combinam um período em que a taxa é fixa e um período em que a taxa é variável), revela o regulador português.

Em outubro, os bancos concederam 1.197 milhões de euros em créditos habitação, menos 144 milhões do que em setembro, quando emprestaram um total de 1.341 milhões. Estes dados agora divulgados pelo BdP vêm confirmar a tendência já anunciada no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2022: a procura de créditos habitação para comprar casa em Portugal tende a abrandar no quarto trimestre de 2022, sobretudo devido à queda de confiança dos consumidores, às perspetivas para o mercado de habitação e a subida das taxas de juro.

A grande maioria (88%) do valor concedido em outubro nos novos créditos habitação destinou-se à aquisição ou construção de habitação própria permanente, aponta o regulador português. Cerca de 6% do montante foi destinado à aquisição ou construção de uma habitação secundária e 6% a obras.

Euribor a 6 meses a ganhar terreno desde setembro

Apesar das taxas Euribor estarem a subir a alta velocidade à medida que o Banco Central Europeu (BCE) decide subir as taxas de juro diretoras, a maioria dos novos créditos habitação em Portugal continua a ser de taxa variável. Mas há mudanças recentes quanto à taxa Euribor contratada.

“Desde setembro de 2022 que a Euribor a 6 meses [que chegou aos 2,321% em novembro] é o principal indexante nos novos empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável, abrangendo 60% dos novos créditos habitação de taxa variável em outubro”, lê-se no documento. De notar, que antes, a Euribor a 12 meses tinha maior expressão nos novos contratos, mas em outubro foi contratada em apenas 33% destes empréstimos - até porque é a taxa de referência que está a subir em maior velocidade, tendo chegado aos 2,828% em novembro. Já a Euribor a 3 meses representa 6% dos novos contratos e “os outros indexantes” (onde entram as taxas fixas e mistas) representam apenas 1%.

No universo dos empréstimos a taxa variável, a taxa de juro média dos novos contratos subiu de 0,6% para 2,6% entre dezembro de 2021 e outubro de 2022, revela o regulador. E em 80% dos créditos habitação de taxa variável contratualizados em outubro foi aplicada uma taxa de juro entre 1,5% e 3,4%.

Já nos créditos habitação de taxa fixa, a taxa de juro média dos novos contratos subiu de 2,1% em dezembro do ano passado para 4,1% em outubro de 2022. Cerca de 80% destes empréstimos a taxa fixa foram contratualizados a taxas entre 3,4% e 4,5% em outubro.

Prestação da casa está nos 315 euros em outubro

Considerando o stock de empréstimos para habitação própria permanente, o BdP dá nota que, em outubro, a prestação média mensal era de 315 euros, mais 36 euros do que no final de 2021. Em dezembro do ano passado a prestação média mensal foi de 278 euros.

Além disso, o regulador liderado por Mário Centeno revela ainda que em outubro, 80% dos contratos tinham uma prestação entre 113 euros e 515 euros. A prestação da casa mediana era de 265 euros.

 

Por: Idealista