Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

“Estejam os vossos rins cingidos e as candeias acesas” (Lc 12, 35). Toda a vida humana é Advento. Esta realidade marca a nossa condição no mundo. Sempre seremos criaturas à espera. Habitados, mas incompletos. Reflorescendo e vulneráveis. Em visitação e sós. Na linguagem cristã a expressão Advento significa presença, chegada, vinda e refere-se à presença de Deus entre nós: Deus, Criador e Senhor, revelado no Filho, a Palavra que se faz carne, Jesus Cristo, vem à nossa vida e virá definitivamente libertar o mundo para a vida plena. Por isso, este é o tempo da vigilância, da piedosa e alegre expetativa: Deus vem! Hoje, agora, Ele vem para mim! Advento é Tempo para refundarmos a casa, cuidarmos do coração, nos adentrarmos no mistério espantoso da Vida, avivarmos a esperança. Tempo para vermos melhor, sentirmos melhor e escutarmos melhor o que Deus revela em nós. Ele é a Presença a esperar e a receber. Porque muitos homens e mulheres, hoje, vivem tão à pressa e empenhados na satisfação dos seus desejos que perderam a capacidade de olhar e de ver os que caminham a seu lado, mergulhados no vazio. E existem muitos outros perdidos na tristeza e no sofrimento causados pela injustiça, a violência e a indiferença. Porque muitos homens e mulheres, hoje, necessitam de um colo, de braços que guardem e protejam, de um coração terno que acolha e cuide. E existem muitos outros maltratados na sua dignidade, ainda sedentos da Palavra que cura, famintos da luz que dê sentido às suas vidas. Este é o Tempo para aprendermos a amar os bens do Céu. Mas ainda acreditamos no Céu? Ainda tem sentido esperar por Ele? O que é o Céu na nossa vida tão afundada nas águas do materialismo, do relativismo e do subjetivismo axiológico deste nihilismo contemporâneo? Não precisamos de um sobressalto que nos faça mergulhar no amor das coisas divinas e nos liberte deste mundanismo espiritual, na certeza que Deus vem, é vizinho e próximo e em Jesus Cristo está sempre presente connosco e para nós? Precisamos saber olhar a Criança, que nos fala de um amor maior e profundo que nos conduz. Precisamos aprender a ler o presente para saber escrever o futuro. Precisamos de Deus, porque somos de Deus. E precisamos neste Tempo saber esperar como a Mãe, a Mulher, a feliz, porque acreditando, deixou o Senhor habitar a casa do seu coração. É neste Tempo e neste mundo que o Senhor está. Como são de fogo e oportunas as palavras para este tempo de Advento, de Teresa de Ávila: “Nada te turbe/nada te espante/ quem a Deus tem nada lhe falta/ a paciência tudo alcança/ Só Deus basta”.