Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com

“Como podemos saber o caminho?” (Jo 14, 5). Pode-se pensar e narrar o mistério da vida humana a partir da imagem sugestiva do caminho. Cada um deve aprender a olhar-se a si mesmo e a olhar para cada homem como um ser a caminho. O homem é, na verdade, um ser que anda sempre à busca sem se cansar.

Esta busca pode não ser necessariamente num primeiro momento de Deus, mas talvez em primeiro lugar a busca de sentido, de felicidade, de verdade. Olhando este tempo como quem escava, com a paciência e a resiliência dos semeadores, imersos em profundas transformações humanas e sociais, políticas e económicas, sobressaltados por medos e desconfianças, frágeis e vazios, talvez valha a pena cada um se perguntar: que servidões carrega a minha vida? A vida, de facto, acontece enquanto se caminha, se percorrem estradas exteriores e interiores, não todas elas horizontais e alinhadas.

Também assim é com a vida cristã desde a sua iniciação até se atingir a plena maturidade. E a vida cristã, como a humana, não acontece por induções ou afeição a doutrinas e leis éticas ou morais mas pela lógica da sedução, do gratuito da paixão e do encantamento, da dádiva e do encontro, da generosidade e da ternura. Porque somos peregrinos de uma felicidade plena e duradoira.

Toda a vida é um caminho rumo a espaços abertos e inimagináveis. A fé oferece um sentido para o caminho. Um cristão acredita que Deus revelado em Jesus Cristo é a fonte e a plenitude deste caminho e da felicidade que desejamos.

Em cada dia é-lhe pedida a coragem para sair das suas servidões e ilusões onde tantas vezes tece a vida e a partir livre, com Ele e para onde Ele indicar. Cada um de nós, crente ou não, tem a sua história. Já percorreu muitos caminhos. Nem todos certamente contribuíram para a felicidade.

Questionemo-nos: Que me corrompe?

Desejo caminhar pelo Caminho? Não caminhemos sozinhos. De mãos fechadas. Caminhemos com os outros. Em comunhão e fraternidade. Podemos aprender a caminhar com Cristo, o Caminho e a Esperança.

Mas avancemos sempre na certeza de sermos amados, acolhendo a possibilidade do divino, de um Deus que nos desvele o sentido de todos os caminhos e da própria vida. Aprendamos o Caminho a caminhar. Como quem desejar matar a sede. Como quem deseja ser. Na verdade, como luminosamente deixou escrito Sophia: “apenas sei que caminho como quem/ é olhado amado e conhecido/ E por isso em cada gesto ponho/ Solenidade e risco”.