A marcar o arranque das comemorações do Dia da Cidade, que se comemora a 11 de dezembro, o Município de Portimão procedeu no dia 5 de dezembro, à entrega do Prémio Municipal do Voluntariado 2021,

homenageando também por esta ocasião um conjunto de associações e pessoas que se têm distinguido pelo seu trabalho comunitário no âmbito da Covid-19.

A cerimónia, realizada no auditório do Museu de Portimão, assinalou o Dia Internacional do Voluntariado, celebrado nessa data, e contou com alguns testemunhos de entidades e pessoas dedicadas ao apoio a quem mais precisa nestes tempos de pandemia.

O primeiro a partilhar as suas experiências foi João Lagartinho, dirigente do Agrupamento de Portimão do Corpo Nacional de Escutas, para quem “o impulso natural em ajudar alguém se sobrepõe à própria vida pessoal e familiar, ao ponto de encararmos o voluntariado como uma missão.”

O adjunto de segunda seção e delegado de Proteção Civil local e regional falou sobre a atividade levada a cabo no agrupamento local e dos “sentimentos ambíguos das pessoas beneficiadas, num misto de vergonha e gratidão, muitas delas bastante desconfortáveis com a situação de carência em que se encontraram de um dia para o outro devido ao impacto negativo originado pela pandemia.”

Seguiu-se Manuela Santos, presidente de direção da Cáritas Paroquial de Nª Srª da Conceição – Matriz de Portimão, que realçou o facto de a instituição “chegar a muita gente graças ao Município de Portimão e às Juntas de freguesia, sem esquecer os nossos benfeitores.”

“Foi por isso que, das 187 famílias apoiadas em fevereiro de 2019, antes da pandemia, em abril passado já estávamos a prestar auxílio a 504 agregados familiares, além das refeições diárias no refeitório, num aumento de 170 por cento”, explicou, ao referir que “nunca baixamos os braços e temos uma equipa fabulosa, dos 8 aos 80 anos, na qual cada um dá aquilo que pode, procurando sempre adaptar-nos às circunstâncias.”

Por seu turno, a jovem Sara Bruins declarou ter trabalhado no voluntariado em vários países, regressando há pouco da Guiné-Bissau para a sua cidade natal, Portimão, onde sentiu que deveria fazer algo pelo próximo, “daí ter-me juntado à comunidade para ajudar, a título individual, no que fosse necessário.”

“Entreguei muitos cabazes solidários a pessoas com Covid-19 e acho que mais útil que isto não poderia ser, principalmente quando se trata de gente com vulnerabilidade, sem uma rede social que possa ajudar a fazer coisas tão simples como compras. Senti o reconhecimento sincero de todos por este pequeno gesto”, disse, ao defender que “seria muito interessante a realização de campanhas que sensibilizem os jovens a dar o seu contributo voluntário em prol de quem precisa, de que é bom exemplo a plataforma Portimão Voluntariado.”

 

“O voluntariado é insubstituível”

Na sua intervenção, a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, afirmou que “a solidariedade e o voluntariado são imprescindíveis e insubstituíveis, pois se não tivéssemos esta rede de voluntários e de associações dificilmente seríamos capazes de dar resposta às necessidades, e não só nestes tempos de pandemia.”

“Sinto, por isso, um enorme orgulho naquilo que todos os dias é dado por estas pessoas aos outros, orgulho esse que deve ser extensivo a Portimão porque significa que vivemos numa sociedade onde a solidariedade não é apenas uma palavra oca e bonita, mas traduz-se em atos”, confessou a autarca, que considera esta “uma cidade extremamente rica devido às suas gentes, pela capacidade de entrega aos outros para que sejam mais felizes,… ou menos infelizes.”

Segundo a presidente de câmara, “o que mais me preocupa neste momento não são as pessoas que já integram o sistema, mas sim a pobreza envergonhada, aqueles que estão a passar mal, mas como eram de uma classe média sentem vergonha de se dirigir aos locais onde lhes possam abastecer com os alimentos, roupas ou os medicamentos de que carecem. Devemos estar despertos para este problema, que pode existir ao nosso lado, sem que demos conta: eu quero ‘fome zero’ em Portimão e quando me dizem que há pessoas a passar mal, preciso saber quem é, porque não há necessidade neste momento disso se verificar, já que a situação financeira da autarquia, felizmente, permite fornecer alimentos e medicamentos a quem carece.”

“É admirável haver quem ajuda o próximo sem pedir nada em troca, apenas em nome da consciência de estar a contribuir para um mundo melhor e, por isso, o ano passado estabelecemos com as associações três contratos Covid, no sentido que não vos falte nada para darem a necessária resposta a quem precisa”, enalteceu Isilda Gomes ao dirigir-se aos representantes do associativismo na área social.

 

Resposta social integrada e em rede

Esta cerimónia foi a ocasião ideal para ser destacado o importante trabalho em rede e a resposta integrada dada por várias entidades e voluntários no apoio à comunidade local durante a atual pandemia, que passou pela colocação de cartas no correio ao pagamento de rendas, passando pela realização de compras no supermercado, pedidos de apoio na aquisição de medicamentos, artigos de higiene de casa e pessoal, produtos para bebés, como fraldas, leites para recém-nascidos, papas, toalhitas e cremes, refeições confecionadas para pessoas com pouca mobilidade e sem condições para as fazer no seu lar, entregas de cabazes gratuitos, entrega de equipamentos de proteção individual, entre outras ações.

Devido a esse inestimável contributo, foram homenageadas as seguintes entidades: Cáritas Paroquial Nossa Senhora da Conceição – Matriz de Portimão, ADRA – Associação Adventista para o Desenvolvimento, Recursos e Assistência, ACRA – Associação Cultural e Recreativa Alvorense 1.º de Dezembro, Associação Flor Amiga, GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes, MAPS – Movimento e Apoio à Problemática da Sida, Associação para o Planeamento da Família - Projeto Rio, Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Portimão, Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento N.º 159 – Portimão e Corpo Nacional de Escutas Agrupamento N.º 685 - Alvor.

Nesta atividade também se distinguiram alguns voluntários a título pessoal, igualmente alvo de homenagem, a saber: Sara Bruins, Miguel Andrade, Marisa Guerreiro, João Sobral, João Gouveia, Catarina Menezes, Tynara Nascente, José Brito, Aleida Monteiro, Sónia Baiona, Diogo Diniz, Custódia Entradas e Arnaldo Silveira.

Para a mobilização dos voluntários em nome individual, em muito contribuiu a plataforma Voluntariado Portimão, lançada há cerca de seis meses pela Câmara Municipal, que desta forma disponibilizou um ponto de encontro entre aqueles que desejam colocar o seu tempo livre e competências em prol de projetos comunitários e as entidades locais que procuram o apoio de voluntários.

Esta ferramenta útil reúne todas as instituições promotoras de voluntariado em Portimão, quer sejam instituições, associações, clubes ou entidades privadas, divulgando o seu trabalho junto de potenciais voluntários, que assim se poderão inscrever na bolsa gerida pelos competentes serviços autárquicos, estando a plataforma disponível em; https://www.cm-portimao.pt/voluntariado-portimao

 

Os vencedores do Prémio Municipal de Voluntariado

Seguiu-se a revelação oficial dos resultados relativos à terceira edição do Prémio Municipal do Voluntariado, que distinguiu os projetos “SER na Demência” (vencedor na categoria coletiva) e Jardim Sensorial” (vencedor na categoria singular), contemplados com 6.500 euros cada.

O projeto “SER na Demência” pertence ao Núcleo do Algarve da Associação Alzheimer Portugal e dirige-se a pessoas com demência e cuidadores, visando dar resposta às necessidades específicas existentes, para uma adequada prestação de cuidados e melhoria da qualidade de vida dos beneficiados, através da criação de serviços de intervenção psicossocial, através do Grupo PsicoEducativo para cuidadores e do Grupo Musical(Mente) com atividades de estimulação pela música.

Quanto ao projeto “Jardim Sensorial”, apresentado por Inês Sousa Reis, destina-se à comunidade portimonense, desde bebés até à terceira idade, com o objetivo de criar um espaço ao ar livre enquanto área de lazer, cheio de diferentes sensações, que funcione como uma ferramenta terapêutica de inclusão social de pessoas com diversos tipos de necessidades que estejam inseridas em escolas e instituições de Portimão, sendo o foco na primeira fase de implantação a criação de uma horta sensorial com ervas aromáticas.

O júri do Prémio Municipal de Voluntariado decidiu ainda atribuir menções honrosas às candidaturas “Horticultura Terapêutica”, da Santa Casa da Misericórdia de Alvor (categoria coletiva), e “Doar a Arte”, de Rita Paula Nunes Ricardo (categoria singular).

Este prémio foi criado em dezembro de 2018 pelo Município de Portimão para distinguir projetos nas áreas da solidariedade, saúde, ambiente, economia social, educação e formação, que promovam a melhoria da qualidade de vida de crianças, jovens, idosos, cidadãos portadores de deficiência ou outras pessoas em situação vulnerável.