O «Salir no Tempo» regressou no passado fim-de-semana de 22 a 24 de julho e trouxe um novo enquadramento histórico. Depois de vários anos a retratar o período medieval e a presença islâmica na vila, o evento regressou, desta vez dedicado à época romana.

Em mais um ano de recriação histórica, este evento contou com um programa diversificado de animação. O espaço contou com uma villa romana, com uma arena onde decorrem espetáculos de gladiadores, acampamentos das legiões, a “corte” do imperador e sua guarda de honra, o bailado das ninfas, um mercado romano, artífices a trabalhar ao vivo, animação de rua e artes performativas, cetraria/falcoaria, espetáculos de serpentes, e naturalmente, um espaço de “comes e bebes” com o melhor da gastronomia do período romano.

É de recordar que a gastronomia tradicional era vulgar e a base alimentar dos povos era vegetais e produtos da terra, entre eles, frutos como o figo, as romãs, as laranjas, as peras, as maçãs e uvas. Era também muito frequente o consumo de papas (puls) de cereais torrados ou em farinha, simplesmente cozidas ou misturadas com favas, lentilhas, hortaliças ou outros produtos. O ato de comer carne, era apenas realizado pelas pessoas mais ricas, e esta era geralmente de carneiro, burro, porco, ganso, pato ou pombo. Tudo isto está representado no “Salir no Tempo”.

Em termos de decoração, o vermelho, o branco, o preto e o dourado foram as eleições, de modo a recriar com fidelidade a ocupação romana.

A organização pôs à disposição do visitante o aluguer de fatos e acessórios, de modo a que todos pudessem entrar no espírito e na pele das personagens de então. Vários foram os que adotaram o “estilo” e se fizeram passear com as vestes e acessórios da época.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Presença romana em Loulé acentuada no litoral

A presença romana no concelho de Loulé é mais marcante no litoral, nomeadamente na área das freguesias de Quarteira e Almancil, nas áreas estuarinas das principais ribeiras, com o importante vicus localizado na Estação Arqueológica do Cerro da Vila, em Vilamoura, e nas villae e indústrias dos sítios de Loulé Velho, Quinta do Lago ou Salgados. Mas a presença romana vai mais além do litoral, penetrando e enraizando-se no território interior. Bom exemplo da exploração dos recursos naturais e agrícolas do barrocal e da serra do concelho são os sítios da villa do Espargal com o seu lagar, ou a importante villa da Torrinha com a sua área habitacional e cemitério. Contam-se ainda outros achados como uma inscrição votiva de Salir ou o «pequeno galo de bronze» do Serro dos Negros. Desconhece-se se serão realmente romanos o povoado ou necrópole de Palmeiros ou a mina de Ferro de Fonte Morena.