Salir já concluiu a última obra do executivo da Junta de Freguesia do quadriénio 2017/2021, prometida à organização do Salir TT. Esta é uma peça escultórica da autoria de Tó Quintas e traz-nos a representação de um jipe.

Salir TT é um dos mais emblemáticos passeios do calendário de todo-o-terreno nacional, que se realiza desde 1990, tornando-se um feito único em Portugal Continental. Com tantos anos “sobre rodas”, a homenagem é merecida.

Valter Martins, voz ativa do Salir TT (como se intitula), referiu que esta “é uma forma de dignificar a nossa terra e também o concelho de Loulé”. Segundo Valter Martins, “muita gente que já fez o passeio e viu a homenagem, ficou muito contente e acabou por partilhar fotos nas redes sociais”.

Na página de Facebook, a Junta de Freguesia de Salir explicou que “este ato é o reconhecimento pela promoção de Salir, há 32 anos, proporcionando bons momentos de lazer aos participantes, através do convívio, do contacto com a natureza e dando a conhecer as tradições e produtos típicos do barrocal e serra do Algarve, a serra do Caldeirão”.

O nosso jornal decidiu ir mais a fundo e falou com o autor da peça para perceber as suas inspirações. Tô Quintas começou por falar um pouco da sua trajetória profissional e revelou-nos que sempre foi amante da arte da construção. Conta ao nosso jornal que em pequeno, agarrava em eletrodomésticos, motas e bicicletas e davas-lhe uma nova vida. “Construir sempre foi parte da minha filosofia de vida”, afirma.

O farense conta que “os trabalhos costumam vir comigo em modo boca a boca”. Neste caso, a situação não foi diferente e Tô Quintas acabou por ser sugerido por conhecidos ao, na altura, Presidente Deodato João, que posteriormente lhe fez o convite formal para encabeçar a construção desta peça de homenagem ao Salir TT. “Tivemos boas conversas e um bom sentimento de confiança de parte a parte”, realçou.

O passo seguinte do projeto, foi construir uma maquete, para dar uma ideia geral do projeto. Tô Quintas afirma que não lhe foram impostas regras no desenvolvimento do esboço do projeto, o que facilitou a sua criatividade. “A Ideia era saber que tipo de monumento íamos fazer”, frisou. A ideia original seria até criar uma silhueta de um carro, mas o artista achou que se deveria “ir mais à frente”.

“Eu costumo andar pela Europa e aquilo que vejo, é que em Loulé há algum medo de se expor e ir para fora da caixa”. Pegando na sua ideologia, conta que “tentei ter em mente aquilo que as pessoas gostam. Tô Quintas falou com vários populares e visitou lojas de brinquedos, para perceber como eram os jipes feitos e como poderia fazer a escultura, de modo que associassem a construção a um veículo semelhante a um jipe. Para além disso, pesquisou marcas que fabricam jipes e juntou alguns modelos conhecidos em Portugal, para conferir uma identidade familiar à obra.

O Jipe foi construído em aço corten

A peça tem o peso de 700kg e é construída em aço corten, um material que permite a oxidação sem se degradar. O jipe mede 4m de comprimento, 1.90m de largura e 2m na parte mais alta. Quem olha, repara que as rodas são fixas, mas mesmo assim existe quem tenha receio de que a escultura desande, uma vez que foi colocada num plano inclinado, simulando os trilhos que se fazem no passeio. “As pessoas ficam com medo de que o jipe salte para cima delas, devido à brutalidade que este transmite, à sua dimensão e peso”.

Segundo o autor da peça, esta transmite “brutalidade e algum dramatismo” e era mesmo esse o objetivo: criar algo que impressionasse à primeira vista.

As reações a esta peça não poderiam ser melhores. Salir viu finalmente realizada a homenagem à organização do Salir TT. Para além dos muitos comentários positivos nas redes sociais, o próprio autor da peça revela ao nosso jornal que “as pessoas se sentem agradadas com a peça”. Apesar de não ter redes sociais, Tô Quintas já se apercebeu do sucesso da sua criação.

Para os mais curiosos, quem se dirigir a Salir, pela estrada principal, depois da ponte, poderá encontrar esta homenagem e deslumbrar-se com trabalho de Tô Quintas, numa iniciativa que fez jus à história do Salir TT.

Por: Filipe Vilhena