Isabel Palmeirim apresentou demissão do cargo de diretora da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve e do Mestrado Integrado em Medicina, após uma carta aberta, onde os alunos denunciaram que estavam a ser «coagidos».

Os alunos anónimos representados, pelo «Grupo de Estudantes de Medicina da Universidade do Algarve» (UAlg) dizem estar a ser «coagidos» a fazerem as rotações hospitalares (durante o 5.º e 6.º ano do curso) no Hospital Garcia de Orta, em vez de no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), mais próximo da academia e da área de residência. 

A diretora do curso já rejeitou publicamente a acusação, mas apresentou a carta de demissão ao reitor, alegando «perda de confiança dos alunos». 

Segundo O Observador, há dúvidas em relação à origem da missiva. O reitor não quer a demissão de Isabel Palmeirim.

A denúncia, divulgada esta terça-feira, foi feita numa carta aberta, sem signatários. José Fonte, professor emérito da Universidade do Algarve e fundador do curso, diz que se trata de uma «fraude».

José Fonte reforça que «enviar alunos para fora do Algarve acontece desde o início do curso». O fundador do curso refere ainda que «sempre me recusei a enviar alunos para serviços medíocres, onde só vão aprender os vícios», referindo-se a alguns serviços dos hospitais de Faro e Portimão.

Por seu turno, o presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da UAlg (Nemed), Luís Gomes, disse ao Observador que a carta não teve origem neste órgão e, por isso, «não tem qualquer valor» e nem sabe quem serão os responsáveis por ela.

Isabel Palmeirim, em declarações ao jornal Observador, reforçou que o Hospital Garcia de Orta não é uma solução nova. A diretora do curso diz que os hospitais a sul do Tejo (incluindo os de Setúbal, Beja e Évora) sempre foram parceiros e receberam alunos da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas (FMCB) da UAlg.

A diretora acrescenta ainda que a decisão de incluir o Hospital Garcia de Orta no consórcio ABC (Algarve Biomedical Center) — que inclui o CHUA, a Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas (FMCB) da UAlg e o centro de investigação biomédica da universidade (ABC-RI) — foi do Governo. Esta solução surgiu depois da reunião que a diretora do curso e o reitor da universidade tiveram com a ministra da Saúde, Marta Temido, e a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato.

O jornal explica ainda que foram estes dois ministérios que criaram o consórcio, através de portaria ministerial, e só estes ou o Governo o poderiam extinguir ou modificar. A portaria referente a esta nova resolução, dada a conhecer ao reitor da UAlg no dia 22 de julho, ainda não foi publicada.

 

Por: Filipe Vilhena