O líder comunista, Jerónimo de Sousa, em coligação com os ecologistas (CDU), acusou sexta-feira o Governo PSD/CDS-PP de querer implementar um "sistema de saúde a duas velocidades", conforme as posses dos cidadãos, mercantilizando este setor.
Num comício noturno em Faro - "o maior de sempre da CDU no Algarve", segundo a própria candidatura -, Jerónimo de Sousa pediu "mais votos e mais deputados ao repleto do Teatro das Figuras, com mais de 700 pessoas, a fim de contrariar tais opções políticas, além de comparar a eventual devolução parcial da sobretaxa de IRS ao ladrão que rouba um porco e retribui com um chouriço.
O secretário-geral do PCP afirmou que o executivo de Passos Coelho e Paulo Portas deseja "transformar a saúde numa mercadoria, um negócio", levando a cabo "uma política assassina", culpada por "atirar para a morte antecipada milhares de portugueses", citando dados da Associação de Médicos de Saúde Pública, segundo a qual já morreram mais 5.500 pessoas em 2015 do que em igual período de 2014.
"O que querem é implementar um sistema de saúde a duas velocidades, um para quem pode pagar, com recursos a seguros privados, e um outro para os que menos têm, de difícil acesso e apenas nas prestações mínimas garantidas", condenou Jerónimo de Sousa, lembrando "imagens dramáticas" de pessoas à espera de "senhas para colonoscopia", a "suspensão de assistência a grávidas" e outros problemas com "urgências e cirurgias".
Para o cabeça de lista da CDU em Lisboa, tais factos são "resultado direto da política de destruição do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e de negação dos direitos, pensada para servir a privatização e os interesses dos grupos económicos".
"Nunca se gastou tanto em seguros de saúde (340 milhões de euros, um recorde absoluto, um aumento de 63%, nos últimos 10 anos)", destacou, referindo ainda o "lucro de 30% para as seguradoras" e os "hospitais privados, que viram duplicar as consultas na última década".
Jerónimo de Sousa classificou o fenómeno como um "autêntico maná", esta "transferência da prestação dos cuidados de saúde do SNS para os grupos privados, que atingiu uma dimensão nunca vista", adiantando valores de receita "superiores a 1.200 milhões de euros em 2014".
"Foi um Governo destrutivo, que atacou quem mais precisa, quem menos tem, quem vive dos rendimentos do trabalho, reforma ou pequeno negócio. Se há um exemplo dos mais gritantes do que foi a sua ação, foi em relação à saúde", afirmou.
Por: Lusa