A porta-voz do BE, Catarina Martins, deu sexta-feira uma nega ao pedido de compromisso de Passos Coelho e explicou ao primeiro-ministro que "não há consenso, há escolha", detalhando os pontos nos quais discorda do programa de Governo.
Num comício em Faro - no qual Catarina Martins pediu desculpa pelo facto da sala ter sido pequena - a bloquista acusou Pedro Passos Coelho de ter juntado ao engano e à mentira o apelo ao consenso, considerando que este pedido é uma prova da incapacidade do presidente do PSD viver em democracia e representa a visão autoritária que tem sobre o país.
"Não há consenso, há escolha", enfatizou Catarina Martins, tendo dedicado cerca de 10 minutos do seu discurso a elencar a diferença entre as opções da direita e as escolhas pela vida das pessoas e do país que o BE defende.
Antes, a cabeça de lista do BE pelo Porto tinha retomado o tema do dia, os dados da execução orçamental, considerando que o plano genial do Governo "só tem um pequenino problema: é que é uma treta" e perguntou aos presentes se confiavam mais em Passos Coelho de 2011, que não ia cortar no subsídio de Natal, ou em Passos Coelho de 2015 que vai devolver a sobretaxa de IRS.
Catarina Martins acusou o Governo e os seus principais protagonistas, Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque, de terem apenas "convicções" sobre temas como a sobretaxa do IRS, meta do défice, exportações e o investimento.
"Dados não têm. Então vão disfarçando de convicção aquilo que tem outro nome: engano e mentira", acusou.
A líder do BE ironizou o facto de Passos, que disse ter acabado com a contratação coletiva e nunca ter lido a Constituição, se ter revelado "um democrata da República que quer fazer amplos consensos", questionando aquilo que significa apelar a compromissos quando não apresenta uma única proposta para o país.
"Não há diferença entre quem se diz empatado", atirou depois ao PS, recusando "falsas escolhas entre aquilo que é igual".
Catarina foi elencando aquilo que diferencia o BE do Governo, considerando que não é possível nenhum consenso entre quem quer fazer PPP ou defender o Serviço Nacional de Saúde, entre quem acha bem premiar o ensino privado e quem quer a escola pública ou entre quem escolhe as privatizações e defender Portugal.
"O país não se vende. Essa é a escolha do Bloco", disse.
A porta-voz não aceita ver o país a perder e "olhar passivamente para um país que fica sem gente e onde o salário mínimo não tira da pobreza quem trabalha, concluindo que "o problema não é de palavras, é de escolhas".
Por: Lusa