JSD Loulé | Qual o valor do voto?

15:16 - 11/11/2015 OPINIÃO
Miguel Encarnação | Presidente da JSD Loulé

Nestes últimos dias, com o que se tem passado na política nacional, dei por mim a pensar qual seria o valor do meu voto e o valor dos votos dos milhões de portugueses que dia 4 de Outubro se deslocaram às urnas para votar nas suas convicções. 

Um partido que é o mais votado, que vence claramente as eleições, não ser o partido que governa é algo inédito que irá com certeza figurar nos anais da história.

E é nesta fase que o voto dos portugueses perdeu todo o valor que tinha adquirido nos últimos 40 anos. Então fui eu votar em algo que depois é derrubado por acordos mal formados, feitos quase que na clandestinidade? Algo que até pode ser constitucional, mas que roça valores de ética e democracia muito baixos.

Existem ainda alguns líderes políticos, que apesar de haver um vencedor claro, afirmam que aproximadamente 57% dos votantes não quer a Coligação Portugal à Frente a governar. Tudo correcto até aqui. Mas se formos por esse prisma, teremos aproximadamente 62% dos votantes que não querem o Partido Socialista a governar. Para não falar dos números enormes que não querem ver o Bloco de Esquerda ou o Partido Comunista Português com funções governamentais. E ainda digo mais, quando se fala em governo de esquerda, não me parece que um militante ou simpatizante do BE ou do PCP fosse votar dia 4 Outubro para que o seu partido fizesse uma aliança com o PS.

Em suma, temos por um lado, a imensa sede de poder e uma salvação política por parte de quem quer governar à força (PS) e uma imensa sede de protagonismo por parte de quem irá suportar essa governação, (ainda dependendo de Cavaco Silva), esquecendo totalmente os valores fundamentais dos seus partidos (BE e PCP).

Por isso a todos os portugueses que votaram para estas eleições, lamento informar que o vosso voto de pouco serviu. E para futuras eleições legislavas, corremos ainda o enorme risco de não ser eleito quem tiver o maior número de votos dos portugueses, mas quem tiver o melhor acordo parlamentar.

 

Um bem haja.