Mendes Bota lança no próximo dia 21 de dezembro, na Biblioteca Municipal de Loulé, pelas 18h15 horas o seu mais recente livro «Talvez...Adeus!».
José Mendes Bota foi uma figura marcante da vida pública algarvia entre 1979 e 2014: Presidente de Câmara eleito mais jovem de sempre do Algarve; parlamentar algarvio com mais anos de mandato (vinte e quatro) na Assembleia da República e no Parlamento Europeu; líder partidário regional eleito por oito vezes; desempenho de inúmeros cargos à escala nacional e internacional.
«Talvez…adeus!» é um livro bilingue de despedida com 248 páginas, editado pela Arandis Editora, metade em Português e metade em Inglês, assim se dirigindo aos universos interno e externo dos seus potencias leitores. É o encerrar de um longo capítulo de vida sem deixar trancas na porta, que o destino tem muitas voltas.
Trata-se de um documento de balanço, de quem sempre prestou contas do exercício aos detentores do capital da democracia representativa: os cidadãos e as cidadãs.
Ali, Mendes Bota confessa o que sempre norteou a sua caminhada precoce, e que precocemente desejou ver terminada: o que designa de sua “trilogia do coração”, Algarve-Portugal-Europa.
Em “Talvez…Adeus”, o autor revela que pagou um preço elevado por sempre se ter assumido algarvio, regionalista e dizer aquilo que pensava. Mas dá graças por sair da cena política, três décadas e meia depois de nela ter entrado, igual a si próprio, mantendo viva num corpo de homem maduro, a criança que com ele nasceu e cresceu.
Surpreende-se, até, por ter chegado onde chegou sem nunca ter pertencido a sociedades secretas, juventudes partidárias, escritórios influentes de advogados ou grandes grupos económicos.
Bateu-se pela exclusividade no exercício dos mandatos parlamentares, e contra a promiscuidade entre a política e os negócios, sendo esta uma das várias razões pelas quais decidiu ser o momento de sair de cena, descrente que está na capacidade de autorregeneração da classe política.
Neste livro são reveladas algumas das causas pelas quais lutou, e cujos caminhos mais o desgostaram: a implementação do Acordo Ortográfico (um crime de lesa-pátria!), a contratualização da exploração de petróleo na costa do Algarve e nas costas dos Algarvios, e a inviabilização do processo de regionalização administrativa tal como preceituado na Constituição da República Portuguesa.
Mendes Bota dedicou a última década, a par de um acompanhamento permanente dos temas da sua região, a outras causas, num outro plano, como os Direitos Humanos, a Igualdade de Género, a Violência contra as Mulheres, o combate à corrupção, tendo merecido reconhecimento internacional.
As newsletters que regularmente editou deixam transparecer o seu contributo decisivo para aquela que considera a “obra política mais completa, útil e consistente” dos seus mandatos: a Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica, também conhecida como “Convenção de Istambul”.
Aqui, Mendes Bota esteve em todas as fases e frentes, propositura, redação, aprovação, assinatura, ratificação e entrada em vigor, assim considerando cumprido o essencial da sua missão.
No dia 26 de novembro de 2014, teve a despedida com que sempre sonhou, no plenário da Assembleia da República, com o aplauso geral e palavras de apreço e reconhecimento por parte de todas as bancadas parlamentares, da esquerda à direita do espectro político, num momento raro de comunhão, um privilégio concedido a poucos.

Por VA