O Bloco de Esquerda anunciou hoje que questionou o Governo sobre a demora no pagamento de compensações aos afetados pelo temporal que a 01 de novembro afetou Albufeira, no Algarve.
O partido frisou que, dois meses depois do temporal, os 15,5 milhões de euros em prejuízos provocados pelas cheias “não chegaram ainda aos lesados”.
“O anterior Governo PSD/CDS recorreu a mecanismos como os fundos de emergência municipal, de socorro social e da conta de emergência. Atualmente, a dúvida é a de saber se esses mecanismos já foram desencadeados", questionou o deputado do BE, João Vasconcelos, eleito pelo círculo de Faro, citado num comunicado.
O deputado algarvio quer ainda saber “que trabalho foi desenvolvido pela ‘estrutura de coordenação’ e pela ‘comissão interministerial’ prometidas pelo anterior executivo” governamental e “que verbas já se encontram alocadas aos fundos de emergência e quando são distribuídas".
A 01 de novembro, a região do Algarve foi fustigada por chuvas intensas que provocaram inundações em Loulé, Albufeira, Portimão, Olhão e Silves.
O caso mais problemático ocorreu em Albufeira, onde a Proteção Civil teve de retirar pessoas de habitações e estabelecimentos comerciais inundados. No centro da cidade de Albufeira, a água atingiu cerca de 1,80 metros de altura.
Estas questões foram apresentadas pelo grupo parlamentar do BE na Assembleia da República, onde o partido também quer ouvir, “com caráter de urgência”, a secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, sobre um empreendimento turístico previsto para o concelho de Loulé e que, sublinhou, “viola diretivas comunitárias”.
Em causa, segundo o BE, está o aldeamento "Vale do Freixo Golf&Country Resort", que “contempla a criação de 1.700 camas turísticas e 350 postos de trabalho diretos, conta com capitais árabes e a sua implantação está prevista para a mesma zona do polémico projeto ‘Quinta da Ombria’, já em curso”.
“Previsto para a zona do barrocal algarvio, o empreendimento de dois hotéis, um campo de golfe e oito aldeamentos ocupará, segundo o anteprojeto, cerca de 400 hectares, inseridos em plena zona protegida pela Rede Natura 2000 e cuja construção está prevista na zona de infiltração do principal aquífero do Algarve (Querença-Silves)”, criticou o BE noutro comunicado.
João Vasconcelos disse que o empreendimento “viola áreas fundamentais para a conservação da biodiversidade e as restrições ambientais europeias", pelo que o BE considera essencial perceber em que situação se encontra o projeto.
Por: Lusa